Tolerância

Um dos assuntos que geraram mais debates nos últimos dias foi o tapão que Will Smith deu durante a cerimônia do Oscar, maior premiação do cinema, quando se encaminhava para receber o prêmio. Ontem, a “Academia” decidiu que como pena não participará das cerimônias de entrega do Oscar nos próximos dez anos.
Numa livraria de um dos shoppings de Porto Alegre um livro que conta detalhes da vida de Will Smith estava em evidência, sinal de que muitos ficaram interessados em saber mais a respeito de um ator que foi capaz de tão inesperado gesto.
Certa vez a faculdade de psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul convidou alunos do Colégio Rosário de Porto Alegre para entrevistas visando encontrar o perfil psicológico dos alunos daquela instituição. Um dos pais deveria acompanhar cada filho. Eu fui acompanhando minha filha. Me perguntaram que virtudes eu gostaria que ela tivesse e entre as que eu respondi como uma das mais importantes coloquei a “tolerância”. Que nota de 1 a 10 gostaria que tivesse a tolerância de sua filha? – 9, respondi. Se me perguntassem hoje responderia 9 de novo.
É que não se deve exigir de um ser humano que seja perfeito, é minha opinião. Assim, para todas as melhores virtudes eu gostaria que alguém tivesse o grau máximo de 9. Até na honestidade? – Sim, quando você está tratando com cafajestes da última laia possível é melhor que alguma sutileza de malandragem ou quem sabe de safadeza exista em você. Se não houver, você vai se dar mal.
A “Academia” que penaliza o ator com exclusão de dez eventos é a mesma Academia recheada de produtores, diretores e atores, entre outros, que colocam para o mundo filmes de violência física, mental, psicológica de todos os tipos todos os dias. Violência nos filmes é normal e são tapões, assassinatos, genocídios. Há filmes em que mais de um é morto por minuto de exibição.
Não sei quantos tabefes Will Smith já deu ou levou nos filmes que fez. Mas devem ter sido muitos. Se existe um lugar onde um “tapão” nem deveria causar impacto era na cerimônia do Oscar. Faz parte do dia-a-dia dos atores. Não faz muito uma diretora de fotografia foi assassinada no set onde filmava por um disparo de uma arma que estava com balas de verdade quando deveria estar com balas de mentira. Não foi a primeira a morrer de violência no set.
Duas coisas a ressaltar. A primeira é que a violência, por mais que justa pareça a quem executa, não vai pegar bem no meio social. A segunda, melhor é não fazer por merecer levar um tapão num evento tão relevante. Finalmente, não tenho dúvidas de que ambos se comportaram de forma errada, um provocou, outro bateu. Eu daria cartão vermelho aos dois.

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