Para quem é atento as publicações do jornal Tribuna do Pampa e aos fatos, sabe muito bem que a situação do futuro de Candiota estava bastante delicada. Não adiantava ser otimista, porque os caminhos eram bem tortuosos e difíceis para a cidade que tem na exploração do carvão mineral sua principal fonte econômica.
Contudo, esse jogo começou a virar, depois de muita luta e dedicação, iniciando pela aquisição da Usina de Candiota pela Âmbar Energia (do grupo J&S) e depois o protocolo feito pelo senador Paulo Paim (PT), do projeto de lei 4653/2023, que inclui o Rio Grande do Sul na Transição Energética Justa (TEJ) estendendo a vida útil da Usina de Candiota até 2040. Nesta sexta-feira (27), a vinda da Vamtec e a empresa chinesa CNCEC, para tratar sobre o projeto de uma planta de gaseificação, bem como a doação das casas da CGT Eletrosul também são mais sinais dessa mudança.
É possível já perceber um novo ar na cidade. Nos últimos tempos, as placas de vende-se e aluga-se em imóveis se proliferaram pela sede do município. Não havia ninguém que não estivesse apreensivo e com dúvidas sobre o futuro. Se falava em cidade fantasma.
Contudo, é preciso ter claro e, especialmente o poder público (a sociedade também), de que está se abrindo uma janela de oportunidades. Caso não seja aproveitada, em pouco tempo a nuvem negra que pairava sobre as cabeças dos candiotenses e da região, voltará.
É preciso debater o modelo de desenvolvimento e novas formas de exploração econômica para se agregar ao carvão mineral, que tem um limitador temporal mundial (ao menos isso ainda perdura), que é 2050. A monocultura da soja, por exemplo, é também uma preocupação. Nossa fronteira agrícola não pode se limitar à sojicultura. O turismo regional precisa entrar no rol do debate e ser fomentador do nosso desenvolvimento. O vinho e o azeite igualmente. O modelo administrativo e de gestão precisa ser repensado. Nossa lógica urbana desorganizada e sem beleza necessita de atenção e cuidados. O modelo de fazer política está ultrapassado.
Enfim, ganhamos a oportunidade de nos reinventarmos. Se seguirmos fazendo mais do mesmo, em seguida o portal de boas-novas se fechará novamente.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*