Querer saber o quanto somos importantes pode ser decepcionante. Porém, há momentos em que é necessário, serve para avaliações. Alberto Pasqualini escreveu certa vez mais ou menos assim “Felizes os que se submetem à crítica. Se a mesma não tem fundamento, pode ser rebatida e o criticado sai mais forte que aquele que o critica. Se tiver fundamento, o criticado pode melhorar, ficando melhor do que era”.
Quanto mais me criticam, mais eu trabalho. Alguém já disse “quanto mais eu trabalho, mais sorte eu tenho”.
Porém, nem todas as pessoas evoluíram o suficiente para conviverem bem com a crítica. Na verdade, muitas pessoas trocaram a pouco usada e quase antiga expressão “debater” pela mais moderna “discutir”. Quanto eu era criança, discutir era o mesmo que bater boca. Assim, não é raro, mesmo que construtiva, a crítica ser mal compreendida.
Quem trabalha em equipe, se quer participar de uma boa equipe, terá de conviver com avaliações do grupo. Pode ser útil evoluir em prudência, paciência e tolerância.
Dia desses, depois de alguns anos trabalhando próximo da direção do Departamento, onde nem possuía cargo de chefia, mas dada sua desenvoltura, aparente diligência, rápidos relatórios, precisas opiniões e um faro pouco comum para perceber coisas com potencial para darem errado, sempre comunicadas ao comando, o João Carlos foi deslocado para um setor estratégico que precisava de apoio temporário, mas de alguns meses.
A secretária mais próxima observou: – o que vai ser disto aqui sem ele? O chefe de gabinete que sempre se socorria da opinião qualificada do atencioso serviçal dizia: – isto não vai dar certo. Depois não digam que não avisei, vai resolver lá mas aqui ficará um rombo. O pessoal do financeiro, que se socorria de umas análises matemáticas do eficiente assessor não gostou nem um pouco da mudança, mas nada que se comparasse com a estagiária que exclamou: – é o fim!
No novo ambiente de trabalho, o chefe recebeu o auxiliar, cheio do dotes, sem muita preocupação. São amigos. Dizia que, havia tempos, precisava de um profissional qualificado para que seu setor funcionasse “como um reloginho”. Não poderia pedir assessor melhor, pelo menos que conhecesse. O Setor de Montagem e Distribuição de Carteiras ficaria Nota 10. Montagem e distribuição em nível estadual, não era pouca coisa.
Porém, com aquele negócio do amigo sair de um Setor e todos fazerem observações sobre a imensa falta que faria, passou a questionar se ele parecia ser importante, como acreditava ser, no Setor ao qual nos últimos anos se dedicara de corpo e alma
As meninas que trabalhavam montando carteiras eram jovens, como o Chefe, na maioria estudantes, algumas cedidas por outras Instituições ou estagiárias desviadas de função. Resolveu fazer um teste, questionando as mesmas.
– O que aconteceria se eu saísse daqui?
Num primeiro momento, todas quiseram saber se ele sairia. Depois de explicar que esta possibilidade existia, mas não era para tão cedo, voltou a questionar “O que aconteceria se eu saísse daqui?”.
Uma menina olhou para outra, outra olhou para uma, e uma das presentes respondeu:
– Nós continuaríamos fazendo carteiras …
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*