
Sílvio cobra mobilização sob pena de se comprometer o futuro econômico da região Foto: Arquivo TP
Conforme previsto, a UTE Ouro Negro, projetada para ser construída em Pedras Altas na divisa com Candiota, acabou não participando o leilão de energia A-6, ocorrido na última sexta-feira (1º), na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em São Paulo.
O certame chegou a ser suspenso liminarmente pela justiça na noite de quinta-feira (31), porém a liminar foi cassada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a pedido da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O leilão, que contratou 11 projetos hidrelétricos, 48 usinas eólicas, duas térmicas a biomassa e uma usina a gás natural, com investimentos de R$ 7,68 bilhões, foi considerado fraco pelos especialistas, considerando que 1.090 projetos estavam cadastrados e apenas 62 tiveram êxito. Ao todo foram contratados 1.228,6 MW médios de garantia física e as usinas deverão iniciar o fornecimento de energia elétrica a partir de 1º de janeiro de 2024.
OURO NEGRO FORA – Em conversa do TP com o diretor-presidente da Ouro Negro Energia (ONE S.A) – empresa dona do projeto da usina, Sílvio Marques Dias Neto, este explicou as razões da não participação. “Não participamos porque a economia está paralisada e não tem demanda por energia. O que se comprovou no resultado do leilão. Acertamos na decisão”, disse.
MOBILIZAÇÃO – Conforme Sílvio, agora a estratégia é aguardar o próximo leilão e também intensificar negociações que eles estão fazendo para vender no mercado livre. “No entanto, é quase impossível o carvão ter competitividade para disputar com o gás importado, se as lideranças do Rio Grande do Sul não derem a atenção devida a esse tema. As grandes jazidas de carvão do sul serão apenas ativos sem valor”, assinala.
Conforme o empresário, que é ex-prefeito de Pedras Altas, as usinas a gás importado enriquecerão as regiões do mundo que são vendedoras de gás natural. “Enquanto que a nossa região ficará paralisada no seu desenvolvimento econômico e geração de empregos”, alerta.
PERSPECTIVA – Em relação ao futuro, Sílvio diz que a UTE Ouro Negro está preparada e pronta. “Temos muito otimismo de que a usina será construída, mas um otimismo lastreado na difícil realidade de mercado para a geração a carvão mineral. Precisamos cobrar das nossas lideranças se querem de verdade defender o carvão gaúcho ou podemos esperar o declínio econômico futuro próximo da nossa região. Inclusive com a desvalorização da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), chama a atenção.
MEIO AMBIENTE – Quanto ao protesto que o Greenpeace (grupo internacional de defesa ao meio ambiente) fez em Candiota na semana do leilão, Sílvio classifica como um equívoco, já que o projeto possui todas as liberações dos órgãos ambientais atestando sua viabilidade. “Aprovamos o projeto da UTE Ouro Negro no IBAMA. Atendemos todas as exigências ambientais”, evidencia.
SOBRE OURO NEGRO – A UTE Ouro Negro está avaliada em mais de R$ 4 bilhões. O projeto será financiado 80% com recursos das instituições financeiras da China. O restante do valor será pago com capital próprio das empresas sócias (ONE S/A, SEPCO1 e Power China). A SEPCO1 é também EPCista do projeto, ou seja, a empresa que será responsável pela obra.
A termelétrica contará com dois geradores de 300 megawatts cada e deverá ser construída em Pedras Altas, na divisa com Candiota, numa área de terras próxima ao arroio Candiota e da mina de carvão da Companhia Riograndense de Mineração (CRM). Durante a construção do empreendimento, deverão ser gerados cerca de quatro mil empregos diretos e 500 quando em operação.