WhatsApp

            A forma de comunicação entre as pessoas tem evoluído muito em se tratando de facilidades. As chamadas “redes sociais” estão aí para “facilitar” a vida de muita gente. Certamente em razão das “redes sociais” nunca em qualquer tempo na história da humanidade se leu e se viu tanta coisa ruim em meio a alguma coisa boa, como atualmente.

Que no Brasil ler livros é uma raridade, o pessoal diz que não lê porque prefere pesquisar na internet, mas na real não lê e não lê pesquisando. Bem, não lê pesquisando coisas úteis para melhor viver.

Tenho lido muitas coisas a respeito de pessoas que são “celebridades” na internet. Volta e meia um é assassinado; outras vezes vira destaque apanhando. Não raro o “influencer” sucumbiu a overdose. Em outras resolveu abreviar sua aparentemente interessante existência e ninguém entendeu os motivos, nem poderiam, o “influencer” vive do que parece ser e não do que é.

Eu quase nada entendo de redes sociais. Dia desses alguém me escreveu pelo Whatsapp: – hoje tem live, dá uma olhada. Perguntei: – onde? A pessoa respondeu: – no Facebook. A criatura está quase careca de saber que eu não tenho Facebook, mas achei a dica excelente. E não assisti a live por razões óbvias.

A comunicação nas tais “redes sociais” é uma coisa que me chama a atenção, um escreve sobre um assunto e a resposta vem sobre outro assunto.

Escrever um texto com mais de três palavras é alto risco, provavelmente não há quem vá ler tantas palavras. Assim, nunca escreva a alguém no WhatsApp “vou te ver amanhã de noite”. É muita informação. Vai chegar e ninguém estará a tua espera. Sempre? Quase sempre. Melhor escrever “vou te ver”.  Se a pessoa não quer te ver não vai responder e quando perguntares se ela não leu tua mensagem vai dar uma desculpa qualquer, “muito ocupada, muitas mensagens”. Mas vá que a pessoa queira te ver. Se perguntar “quando?” manda mais três palavras, “amanhã de noite”. Deixou a criatura numa sinuca de bico, amanhã de noite vai ter de te esperar das 19h até às 21h, pelo menos, mas se ela perguntar: – que horas? Responda: – 21h. Agora estará tudo certo.

Fiz uma cirurgia em dezembro. O médico ao me dar alta fez algumas recomendações e disse que se eu lembrasse de uma já estava bom, “tomar bastante água”. Mas deveria fazer repouso uns 10 dias e não carregar peso no primeiro mês após a cirurgia. Entendi que ele disse para eu voltar em 8 de fevereiro deste ano. Pelo dia 6 de janeiro ele fez um contato pelo WhatsApp: “Como você está?”, ao que respondi: “Estou bem”. Ele perguntou: “Conseguiu marcar consulta para o dia 8?” Na minha cabeça era 8 de fevereiro e estávamos apenas em 6 de janeiro. Respondi: “Não fiz esforço algum” (não fiz esforço para marcar a consulta) e ele respondeu: – Ótimo (como se eu tivesse seguido a recomendação de não carregar peso). A consulta era para ser em 8 de janeiro.

Depois de ter ressaltado que no início de janeiro tiraria uns dias de férias e voltaria dia 8 de janeiro, o médico fez um novo contato pelo WhatsApp e eu informei após marcar a consulta: “Volto dia 10”. Ele imaginando que eu também estava voltando de férias, respondeu: “Eu volto dia 8”.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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