Geada tomou conta dos campos de Pinheiro Machado Foto: Elaine Melo/Especial TP
Na última semana, o frio pinheirense foi destaque na mídia regional e nos telejornais do país. Oficialmente, a estação mais gelada do ano ainda não começou – somente na quinta-feira (21) -, mas em Pinheiro Machado e nas demais localidades da região sul as temperaturas já são extremamente baixas.
Quem conhece a “Terra da ovelha” sabe que não é exagero quando se fala no quanto é gelada na maior parte do ano. Provar isso cientificamente só foi possível graças ao trabalho dos futuros meteorologistas da Universidade Federal de Pelotas que, desde 2017, colocaram em prática um projeto capaz de medir e registrar as temperaturas. No município, duas estações meteorológicas estão instaladas para fazer o monitoramento.
Com o auxílio da Prefeitura Municipal e do Sindicato Rural, o anemômetro foi substituído por um novo Foto: Divulgação TP
Conforme explicou Allef Matos, a estação transmite os dados para um painel que fica bem próximo a ela. “A partir da comunicação com a internet, temos os dados medidos (temperatura, umidade relativa, velocidade e direção do vento, pressão atmosférica e precipitação) e os dados calculados (sensação térmica, ponto de orvalho e índice de calor) transmitidos online, minuto a minuto”, disse.
Na quarta-feira (13), o destaque foi o vento forte e o frio intenso. Segundo informações armazenadas, já passava do meio-dia e Pinheiro Machado marcava apenas 5ºC. “Com rajadas de vento que passaram dos 60 km/h, a sensação térmica era negativa e a mais fria do estado”, detalhou Fernando Rafael, que também é responsável pelo monitoramento. O que impressiona nesses dados, é que provavelmente os valores da sensação térmica seriam ainda mais baixos se o sensor que monitora a velocidade do vento tivesse em condições melhores.
Há cerca de um ano, o grupo tentava realizar a troca do anemômetro, que só pode ser feita na quinta-feira (14), um dia depois da intensa onda de frio e vento registrado na cidade. “Pinheiro Machado teve sensação térmica de -3,3ºC, mas se o anemômetro tivesse funcionando perfeitamente com certeza a sensação seria mais precisa, podendo chegar até -4ºC”, explicaram. Até então, as condições do sensor permitiam registrar um pouco menos que o real. “Isso afetava diretamente as medições, principalmente porque a sensação térmica é calculada com base na temperatura e na velocidade do vento. Com a troca do anemômetro, marcando a velocidade real do vento, o cálculo da sensação térmica vai ser bem mais preciso com a realidade do lugar”, concluíram.
Os dados apresentados a seguir mostram as temperaturas mínimas e máximas dos últimos dias nos dois pontos de monitoramento instalados em Pinheiro Machado. Enquanto o Parque Charrua fica a 450 metros de altitude (1 km do perímetro urbano), o Passo dos Pires fica a 290 metros. De distância, as duas estações ficam a cerca de 8 km uma da outra.
SAIBA MAIS – O projeto, que começou em meados de 2016 e pode ser colocado em prática a partir de 2017, visa monitorar a região que é extremamente fria e tem o turismo pouco explorado – diferente da serra gaúcha que se utiliza bastante desse fenômeno climático. “Mais de um ano e meio de análises dos dados de Pinheiro Machado já mostram que a cidade tem inverno mais frio que Gramado, Canela, São Francisco de Paula e tão frio quanto São José dos Ausentes, por exemplo, que é a cidade mais fria do estado”, comentaram os estudantes sobre a importância dos dados científicos para o desenvolvimento das localidades.
Em Herval, o grupo contou com o apoio do Prefeito Rubem Wilhelnsen e da Secretária de Educação Cristiane D’Avila Foto: Divulgação TP
HERVAL – Na quinta-feira (14), mais precisamente na localidade da Guarda Nova, o município também recebeu um ponto de monitoramento meteorológico. A estação fica localizada a aproximadamente 350 metros de altitude.
PEDRAS ALTAS – Entre abril e outubro de 2017 a cidade também contava com o monitoramento, mas o equipamento era considerado muito simples para as condições climáticas do local e acabou estragando. De acordo com os profissionais, o ideal é que seja adquirido um aparelho semelhante ao que monitora a cidade de Pinheiro Machado. “Pedras Altas é uma região ventosa, em que cruzam muitas tempestades e faz muito frio, por isso a necessidade de um equipamento mais adequado a essas condições”, explicaram. Além disso, “também pode funcionar de embasamento científico para os agricultores e para pedir ajuda em caso de desastres provocados por vento forte ou chuva intensa e volumosa que venham a ocorrer”.
Um orçamento já foi encaminhado à prefeitura municipal para que um novo equipamento seja adquirido. O TP entrou em contato com o prefeito Bebeto que confirmou o interesse na reativação da estação meteorológica e comprometeu-se a agilizar o processo. “Essa semana vou falar com o prefeito Rubem para ver como foi o convênio que ele fez e assim poder agilizar o nosso nos mesmos moldes”, concluiu.
OUTRAS CIDADES – De acordo com os futuros meteorologistas envolvidos no projeto, a ideia é contemplar toda a região com o monitoramento e expandir as pesquisas. Apesar da vontade, só é possível colocar em prática se as próprias cidades tiverem interesse e derem apoio financeiro, visto que não recebem suporte da universidade.
