SABOR DE DERROTA

Governo Sartori não consegue passar Regime Fiscal e privatizações na Assembleia

Manifestantes e deputados de oposição comemoraram em frente a AL

Manifestantes e deputados de oposição comemoraram em frente a AL Foto: Jurema Josefa/Especial TP

A terceira e última sessão extraordinária realizada durante o recesso parlamentar, na tarde da última quarta-feira (31), terminou sem que fossem votadas as quatro proposições do Executivo indicadas na convocação do governador José Ivo Sartori (MDB).

As quatro horas de duração da sessão foram utilizadas pelos parlamentares para comunicações de lideranças e para o debate sobre a inversão da ordem de votações. Nesta quinta-feira (1º), o ano legislativo começou com sessão solene de eleição e posse da Mesa Diretora da AL para 2018.

No começo da Ordem do Dia, o presidente concluiu a consulta aos líderes, iniciada no fim da sessão do dia anterior, sobre a inversão da pauta, para que a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal da União fosse apreciada antes das três propostas de mudanças na Constituição Estadual para que a CEEE, CRM e Sulgás possam ser federalizadas ou privatizadas sem a necessidade de um plebiscito. Não houve acordo para essa inversão, já que a manifestação dos líderes favoráveis representou 30 parlamentares (são necessários, no mínimo, 37 deputados).

Com a decisão, o líder do governo, deputado Gabriel Souza (PMDB), apresentou requerimento para que a inversão da pauta fosse apreciada pelo plenário. A matéria não chegou a ser votada, já que o tempo regimental da sessão se esgotou.

Durante o encaminhamento da matéria, Gabriel voltou a criticar o presidente da Casa, deputado Edegar Pretto (PT), por não ter seguido a ordem de votações solicitada na convocação extraordinária do governador, mesmo após o requerimento ter sido aprovado pelo plenário, na sessão do dia anterior, por 30 votos a 19. “Esta convocação extraordinária está virando convite porque a Assembleia está se negando a deliberar sobre o projeto mais importante desta legislatura”, avaliou.

O deputado Tarcísio Zimmermann (PT) criticou o pronunciamento do líder do governo na tribuna em relação à condução das sessões extraordinárias pelo presidente da Casa. Afirmou que a oposição jogou limpo e nunca negou que se utilizaria de recursos regimentais para evitar “o crime” de aprovar o Regime de Recuperação Fiscal. “Nós lutaremos até o fim e utilizaremos todos os recursos regimentais”, garantiu.

Também se manifestaram os deputados Adão Villaverde (PT), Enio Bacci (PDT), Vilmar Zanchin (PMDB), Nelsinho Metalúrgico (PT), Tiago Simon (PMDB), Marcel van Hattem (PP), Miriam Marroni (PT), Luiz Fernando Mainardi (PT), Juliana Brizola (PDT), Jeferson Fernandes (PT), Gilberto Capoani (PMDB), Juvir Costella (PMDB) e João Fischer (PP).

LAMENTO – “Passaram três dias e a presidência da Assembleia, com o apoio dos deputados da oposição, não votou nada. Absolutamente nada. Não é que foram contra ou a favor – muito pior: não deixaram votar. Um Parlamento que não vota? Isso não é possível”, esbravejou o governador em entrevista coletiva no Palácio Piratini, logo após o término da última sessão.

Acompanhado de secretários de Estado e deputados, Sartori frisou que convocou extraordinariamente a Assembleia Legislativa para votar apenas quatro matérias de alta relevância para o futuro do Rio Grande do Sul. “Não foi uma convocação pessoal, minha, do Sartori, do meu partido. Foi o governador do Estado que convocou o Parlamento. É a primeira vez na história que isso acontece! Uma página triste para a política do Rio Grande do Sul e para o nosso Parlamento, que tanto nos honrou. Uma radicalização claramente motivada por finalidades políticas e eleitorais. É meu dever denunciar que manobras protelatórias de uma pequeneza infeliz estiveram acima do interesse do Rio Grande”, queixou-se.

DE CANDIOTA – Os mineiros de Candiota, capitaneados pelo Sindicato da categoria, mais uma vez se fez presente em Porto Alegre para defender a manutenção da CRM pública. Para o presidente da entidade, Wagner Lopes Pinto, o governo atual tem no DNA a entrega do patrimônio público a iniciativa privada e de endividar o Estado gaúcho, como fez Antônio Britto no passado. “É importante a sociedade saber que o plano proposto pelo governo Temer não liquida a dívida do Estado, muito pelo contrário , quando for pagar a conta pelo congelamento vai pagar caro, aliás, igualzinho ao acordo assinado por Britto, que atolou as contas do Rio Grande”, assinalou.

O prefeito Adriano dos Santos (PT) esteve nas galerias da Assembleia no primeiro dia, quando não houve sessão por falta de quórum. Na oportunidade, ele gravou um vídeo e postou nas redes sociais, exaltando o que classificou de vitória do povo gaúcho. “O governo tenta vender as nossas empresas públicas, inclusive a nossa CRM. Mais uma vez eles perderam essa luta”, comemorou no vídeo.

Em clima de tristeza no Palácio Piratini, Sartori lamenta a não aprovação dos projetos

Em clima de tristeza no Palácio Piratini, Sartori lamenta a não aprovação dos projetos Foto: Dani Barcellos/Especial TP

 

Edegar Pretto conduziu a última sessão plenária como presidente da Casa

Edegar Pretto conduziu a última sessão plenária como presidente da Casa Foto: Caco Argemi/Especial TP

 

Prefeito Adriano gravou vídeo nas galerias,  comemorando a não votação

Prefeito Adriano gravou vídeo nas galerias,
comemorando a não votação Foto: Divulgação TP

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