Pagar para ver

Depois da votação desta semana na Câmara dos Deputados, desconfio que não vale à pena insistir neste tema.
Cada povo tem o governo e o parlamento que merece. Na democracia, a maioria decide. O povo brasileiro elegeu o presidente, os deputados e um modelo de governo e de futuro. Faz poucos meses.
O modelo é aquele que pretende encaminhar, entre outras coisas, o fim da previdência “social”. O futuro encaminhará todos para a previdência privada. A previdência que tivemos será lembrada como a “antiga” previdência “social”. A nova pagará um salário mínimo à ampla maioria dos aposentados. Este é o final do caminho.
Os aposentados pelo sistema público, no futuro, não receberão uma contrapartida pelo que contribuíram para o desenvolvimento do país, mas um benefício, como se fosse uma esmola, para continuarem sobrevivendo. Se der.
A elite e os que nem tão da elite são, buscarão a previdência privada, nos bancos. Estes, não são amigos, todo mundo sabe. Se bem que eu ando desconfiado que nem todos sabem.
Depois que uma pesquisa do Datafolha informou, esta semana, que a maioria dos brasileiros é a favor da “nova” previdência, não há futuro em ficar batendo nesta tecla. Por enquanto.
O governo e os deputados favoráveis à nova previdência dizem que o país voltará aos trilhos do desenvolvimento a partir desta reforma. Nem faz dois anos e diziam que o país voltaria aos trilhos do desenvolvimento com a “reforma trabalhista”. Não voltou. Voltará?
A ciência e a pesquisa nos ensinam que o ser humano só muda com o “sofrimento”. No poder, o PT e seus aliados decepcionaram o povo brasileiro. O povo resolveu mudar. E mudou.
Quando a nova previdência começar a doer na alma e, o que é pior, no bolso, muita coisa mudará, de novo. Quem se aposentar depois que a Lei entrar em vigor, entenderá o que estou escrevendo. Quem ganhar um pouquinho mais que o salário mínimo, também.
Assim é a vida. Uma sequencia de experimentações.
O governo experimentou, por exemplo, correr os médicos cubanos do país. Em centenas de municípios, até hoje, não conseguiu resolver o problema que criou, mas não foram os ricos que ficaram sem assistência.
Vamos, como num jogo de pôquer, ou de truco, na prática, pagar para ver.

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