Privatizações

Candiota foi forjada e construída sob a tutela das empresas públicas. Foi assim quando das prospecções mais profissionalizadas do carvão mineral com a criação em 1947 do Departamento Autônomo do Carvão Mineral (DACM), que no fim da década de 1960 se transformou na pujante Companhia Riograndense de Mineração (CRM).
Antes um pouco, no início de 1960, tendo o governador Leonel Brizola a frente, a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), em parceria com então DACM, é inaugurada a Usina Termelétrica Candiota I – atualmente Centro Cultural de Candiota. Depois vieram as fases A e B e já como estatal federal (Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica) veio a fase C.
São três gerações de famílias que viveram, se desenvolveram e construíram Candiota com o suor de seus rostos, chancelados pelas estatais. Quando nenhuma empresa se interessava por explorar carvão e gerar energia, estava lá o Estado gaúcho e nacional fazendo história e mudando a realidade econômica de uma região, que ainda continua empobrecida, porém muito melhor que há 50 anos.
Não se trata aqui de ser contra as privatizações, mas sim de se opor a sua forma. Vender os móveis da casa para comer não é um bom negócio. Aliás, é um péssimo. Ademais, a iniciativa privada precisa ser incentivada a desbravar, como por exemplo fez de forma brilhante a Copelmi, quando saiu do zero para montar uma nova e moderna mina em Candiota – a Seival Sul Mineração (SSM). UTE Pampa Sul é outro espetacular exemplo, assim como o projeto da UTE Ouro Negro, entre outros. No caso de CRM, CEEE e Sulgás é pegar tudo pronto – quase de mão beijada, inclusive com anos e anos de pesquisa, expertise e dedicação.
Especificamente a CRM, privatizá-la é tirar uma modelagem, um exemplo, um parâmetro e uma reguladora do mercado. A valorosa CRM poderia ter sido enxugada, com a venda do prédio da sede desnecessária de Porto Alegre e o fechamento por completo da unidade de Minas do Leão. Poderia ter ficado como reserva técnica estatal para fomentar políticas públicas para o carvão. Mas não, preferiram vendê-la.
Uma nova história começa a ser edificada em Candiota e região a partir da decisão desta semana da Assembleia Legislativa, provocada pelo governador Eduardo Leite (PSDB). O futuro que nos aguarda, não temos dúvidas, que é de prosperidade e progresso, porém a mercê dos ditames do mercado, que muitas vezes é perverso com os mais pobres e desavisados.

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