Única turma em andamento é do curso de Mecânico de Manutenção de Máquinas Industriais Foto: J.André TP
A crise econômica está afetando várias áreas e atingiu também a educação profissional. A queda na arrecadação das indústrias fez com que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) fechasse dez unidades fixas no Rio Grande do Sul nos últimos 12 meses. Na região a unidade de Dom Pedrito já foi fechada e mais outras estão na lista da suspensão dos serviços.
Em Candiota, o Senai confirmou o fechamento da unidade que funciona há muitos anos no prédio que pertence a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (Eletrobras- CGTEE), junto ao Centro Cultural Usina I, na Vila Residencial. De acordo com o diretor-regional, Carlos Artur Trein, em momento de crise a estratégia de atendimento deve ser mudada, sem haver prejuízo para a comunidade. “Vamos continuar fazendo um atendimento, mas por outras modalidades e metodologias”, assegura.
Um dos motivos do encerramento da unidade é que o prédio em Candiota não pertence ao Senai. “Impossibilita adequações e mudanças, como por exemplo, nas novas exigências da lei do Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI). Tentamos de várias formas e estamos mudando as metodologias para seguir oferecendo a formação profissional”, explica Trein.
Segundo o diretor-regional a nova forma de qualificação é através da educação à distância e, também, por meio de unidades móveis que o Senai oferece. Atualmente são 128 unidades fixas no Estado. Na região, a unidade de Bagé servirá como polo para os municípios que tinham as escolas e foram fechadas. “Temos cursos técnicos, os quais não tínhamos. O aluno poderá fazer à distância. Aulas presenciais são realizadas, mas o jovem se desloca para o polo em data adequada”, enfatiza.
Já não tem mais a turma vespertina e a sala de aula fica vazia Foto: J.André TP
Com as unidades móveis, o Senai garante que a oferta de cursos será ampliada, pois hoje são 19 carretas equipadas nas mais variadas áreas de qualificação. O veiculo fica na cidade conforme o período do curso, entre 30 a 60 dias. “As unidades móveis são pré-agendadas com antecedência. Se faz um levantamento com as empresas e lideranças para saber qual a demanda que deverá ser suprida. É uma nova estratégia que está se adequando em vários locais, proporcionando um leque de opções”, destaca.
A unidade de Candiota conta atualmente com apenas uma turma de 21 alunos no curso de Mecânico de Manutenção de Máquinas Industriais. No início deste mês, um grupo de 15 jovens concluiu o curso de Soldador. A formatura do processo de qualificação que está em andamento está prevista para o fim do ano. O Senai reforça que a turma atual não será prejudicada e somente após a conclusão do curso a unidade será fechada definitivamente.
O PROGRAMA – O Programa Jovem Aprendiz Industrial do Senai busca qualificar jovens entre 14 e 24 anos, para a indústria, de forma gratuita. Os jovens podem ser contratados e indicados pelas indústrias do Rio Grande do Sul para realizarem cursos com forte articulação entre a formação profissional e o mundo do trabalho, dentro das premissas da legislação vigente, Lei 10.097/2000 de 1º de dezembro de 2005. Os alunos de Candiota são cotizados por empresas, os quais recebem meio salário mínimo. No município, uma das maiores cotistas é a Companhia Riograndense de Mineração (CRM), que dispõe de 16 cotas atualmente na turma que está em andamento. Além disso, outras empresas, como InterSement, Votorantim, Entel e Zandona.
MOBILIZAÇÃO – Para tentar evitar o fechamento e representar a comunidade nesse processo de mudanças, os vereadores Giselma Pereira (PT) e Guilherme Barão (PDT) estiveram reunidos com o diretor-regional do Senai, em Porto Alegre, na manhã de quarta-feira, 24. Uma moção de apelo foi elaborada e protocolada em defesa da permanência da unidade. A vereadora petista lamenta a decisão do Senai em encerrar a unidade de Candiota. “Mobilizamos através de uma notícia vinculada à imprensa. Ficamos um pouco frustados. O sentimento é de perda”, comenta.
Os parlamentares propuseram ao diretor uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Candiota, a fim de explicar para a comunidade como irá funcionar a nova estratégia de funcionamento do Senai. Já na manhã de quinta-feira, 25, os vereadores se reuniram com o diretor-presidente da CRM, Edivilson Meurer Brum, com o objetivo de solicitar a permanência das cotas, mesmo sendo nesse novo processo que o Senai passará a ofertar aos jovens.
Unidades fechadas
Alegrete, Itaqui, Cruz Alta, São Borja, Santiago, Soledade, Capão da Canoa, Santana do Livramento, Rosário do Sul e Dom Pedrito.
