Um Supremo e um Brasil divididos

O placar da votação no Supremo Tribunal Federal (STF) do Habeas Corpus (HC) do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva mostra claramente como está o Brasil neste momento. O voto da ministra Rosa Weber contra Lula foi controverso, pois ela teve dificuldade em explicar que é contra a prisão em segunda instância, mas que votaria contra o HC. Assim, fica claro que o placar poderia ter sido favorável ao ex-presidente em um voto, como era a expectativa e que fez até o comandante do Exército fazer declarações em tom de ameaça no dia anterior a votação no STF.
Mas voltando ao placar, um para cá ou outro para lá, só assusta ainda mais, pois ele reflete a sociedade e que podemos viver ainda, de forma indefinida, este clima de ruptura e divisão, trazendo prejuízos enormes a Nação. Isso tudo só está acontecendo porque a democracia foi abalada profundamente, com o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
A prisão de Lula, que está por acontecer a qualquer momento, é comemorada por setores como um troféu e um símbolo de combate a corrupção. Por outro lado, outra parcela alega parcialidade e perseguição, num jogo profetizado pelo senador Romero Jucá (MDB-RO) em escuta grampeada em 2016, de que teria que estancar a sangria (leia-se Lava Jato), colocar o Michel (Temer), com Supremo, com tudo, inclusive com os generais.
O fato é de que a crise, que é eminentemente política e institucional, está muito longe de acabar. Prender Lula não significa alento em relação a isso. O Brasil foi tocado novamente em sua parte mais sensível, que é o regime democrático. A Constituição de 1988, que consagrou o voto popular como valor inestimável, parece ameaçada. Lutemos para que a Nação encontre o rumo novamente e principalmente, dentro dos marcos da democracia.

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