30 anos (parte 1)

Não parece que foi ontem.
Onde você ainda se reconhece, na foto passada ou no espelho de agora? Questiona Oswaldo Montenegro na sua canção “A lista”. Continua: – Hoje é do jeito que achou que seria?
Não, com certeza, não. Primeiramente, nunca imaginei trinta anos atrás como seria quando eu tivesse os 63 anos que tenho. Deve ser raro os jovens que conseguem imaginar um futuro de trinta anos e acertar. O jovem de ontem é o ser na terceira idade de hoje.
Em março de 1992 eu não pensava muito no que seria o município 30 anos depois. Tentando lembrar, eu pensava em quase nada do que poderia estar acontecendo trinta anos depois. Mas do pouco que lembro ter pensado, errei muito.
Felizmente ou infelizmente os trinta anos passaram. Felizmente porque estamos vivos e podemos viver estes trinta anos fazendo uma trajetória interrompida para centenas dos que conviveram comigo. Viverpara construir memórias e pensando nas minhas, somando e diminuindo, saí no lucro. Infelizmente porque o maior patrimônio que temos são dias para viver e trinta anos depois estes dias passaram e o que resta é menos.
Não parece que foi ontem.
Lembro que meu pai certa vez questionou: – por que Hulha Negra não pode ser um lugar bonito como Gramado e Canela? Estávamos passando um dia por lá. Eu pensava que podia e pode. Mas eu pensava que em trinta anos poderíamos estar mais perto. Se por um lado, os avanços sociais e urbanos são evidentes, por outro vimos que esteticamente as cidades e locais urbanos de Hulha Negra e Candiota podem melhorar muito. Não há como comparar com Gramado e Canela.
Porém, trinta anos deve servir para que façamos reflexões a respeito do que queremos para o futuro. Eu não consigo vislumbrar na publicidade de Hulha Negra e Candiota uma luz que me diga objetivamente para onde estes municípios caminham nos próximos quatro anos. Para não exagerar, poderíamos fazer um debate para tentar entender como queremos estar daqui a 20 anos, quando os municípios estarão completando 50 anos. Seria uma bússola para orientar os governantes.
Para encerrar vou buscar o trecho de outra canção “Terra firme”, de João Cavalcanti e Wander Pio que o grupo Casuarina canta: “Não aprendi a navegar, sem um norte a alcançar, sem um lar em terra firme”.

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