Alguém escreveu sobre o tema do título. Coloquei no Google e achei um texto que remete a Moisés, “Desolado, mas não vencido. Dominado por um sentimento de impotência e frustração, ele permanece, não obstante, inabalável e cheio de confiança. O ‘mais humilde de todos os homens da face da terra’, mas também a voz mais orgulhosa e autorizada, no tocante à sua herança espiritual…”
Não escreverei sobre humildade como neste texto judaico, mas sobre o que ocorreu esta semana quando o Supremo Tribunal Federal (STF) começou a ouvir os envolvidos no golpe de estado que quase ocorreu no final de 2022 após a derrota de Bolsonaro nas eleições presidenciais.
Foram anos difíceis de se acompanhar, 2019-2022, que culminaram no 8 de janeiro de 2023, quando muitos aloprados, numa arrogância ímpar, se achando com a mais larga das costas, atacaram os prédios dos três poderes em Brasília e acreditaram poder derrubar as instituições que abrigam.
Deu ruim! Muitos dos aloprados, assim chamados pelos opositores aqueles atos, foram presos e continuam presos. Há quem após se dar conta de quem apoiaram já pediram perdão. Entre a cadeia e pedir perdão, fica mais fácil a palavra perdão soar da boca de alguém. Mas ressalto, muitos estão presos com penas pesadas, menos os líderes. Os que fomentaram aqueles atos, os que fizeram crer que os do povo tinham costas largas.
É na hora do laço que se percebe o covarde. Não foram muitos os que se comportaram com altivez na hora de queimar na fogueira.
“O Analista de Bagé, que anda decadente em meio a essas frescuras dos dias de hoje, diria que a pedagogia do relhaço não falha. E diante do relhaço iminente, não é que o homem ficou humilde.”
Talvez até a absolvição dos líderes fosse um bom exemplo para o futuro. Talvez. Não tenho convicção disso. Se a história não fosse esquecida com facilidade, absolver os líderes poderia ser um bom exemplo para que no futuro os jovens entendessem que não passam de massa de manobra de seres sem escrúpulos eventualmente no poder.
Vimos Roberto Jefferson receber a Polícia Federal à bala. Em 11 de maio foi liberado para cumprir prisão domiciliar após ficar internado num hospital desde junho de 2023. Velho, doente, abandonado pelos amigos poderosos, pegou 9 anos de prisão.
Estamos vendo Carla Zambelli, foragida, mesmo antes de receber a ordem de prisão. Na Itália. Nem de longe lembra a poderosa deputada federal, aliada de primeira hora do presidente Bolsonaro, que saiu de arma em punho pela cidade ameaçando dar tiros num homem às vésperas do segundo turno das eleições de 2022.
O Analista de Bagé, que anda decadente em meio a essas frescuras dos dias de hoje, diria que a pedagogia do relhaço não falha. E diante do relhaço iminente, não é que o homem ficou humilde.
Bolsonaro já culpou Zambelli com arma em punho pela sua derrota e de Roberto Jefferson nem quer ouvir falar faz tempo. E na hora do depoimento ao STF se comportou com a meiguice que muitos esperavam dele. Mais cedo ou mais tarde o sujeito se revela.
Bolsonaro chamou de malucos os que eram chamados de aloprados, os que estão presos por tentarem dar um golpe em 8 de janeiro de 2023. Só faltou dizer que pretendiam dar um golpe em nome de Madre Tereza de Calcutá. Alegrinho, até convidou Alexandre de Moraes para ser seu vice numa eleição que está condenado a não participar. Quanta humildade.
Foi nessas daí que lembrei Moisés, “Desolado, mas não vencido. Dominado por um sentimento de impotência e frustração, ele permanece, não obstante, inabalável e cheio de confiança. O ‘mais humilde de todos os homens da face da terra’, mas também a voz mais orgulhosa e autorizada,…”. Neste caso, autorizada por uma direita capaz de seguir uns Bolsonaros da vida.
JÁ FOI CONTEÚDO NO IMPRESSO