
Presidente da Eletrobras, Cleicio Poleto (em pé) se emocionou durante o evento. Integraram ainda a mesa da cerimônia, a Defensoria Pública, o Executivo candiotense, Legislativo e representante do governo federal Foto: Silvana Antunes TP
O ginásio municipal Lucas Porciúncula sediou um marco história para dezenas de famílias candiotenses. Aconteceu a solenidade de entrega das primeiras escrituras dos imóveis aos moradores das vilas Residencial e Operária, que antes pertenciam a Eletrobras CGT Eletrosul. O impasse inicial, com as angústias e incertezas do que aconteceria a tantas famílias do município diante de um anúncio de leilão e a incapacidade de muitos moradores de efetuarem a compra dos imóveis, cedeu lugar ao sentimento de alívio e alegria. Um trabalho que teve início em 2021, por parte da Prefeitura de Candiota e autoridades municipais, com o pedido de doação das casas e contou com um trabalho de várias mãos foi atendido e todos comemoraram as conquistas de ter em seus nomes imóveis já considerados seus por pertencimento e cuidado ao longo dos anos.
O evento contou com a presença do presidente da Eletrobras, Cleicio Poleto Martins, que compôs a mesa de autoridades junto ao prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador, o vice-prefeito Marcelo Gregório, a procuradora jurídica do município Nathiane Vaz, o presidente do Legislativo, Paulinho Brum, pela Defensoria Pública do Estado, Rafael Magagnin e Jaderson Paluchowski, e do vereador de Bagé, Lelinho Lopes que na ocasião, representou o governo federal e a presidência da República.
Conforme a Eletrobras, aconteceu a conclusão do processo de regularização fundiária e a transferência de titularidade de 262 imóveis residenciais. A medida foi amparada pela Lei Federal nº 13.465/2017, que institui normas gerais e procedimentos aplicáveis à Regularização Fundiária Urbana (Reurb). O número total de residências doadas poderá chegar a 379 até o final do ano, com a finalização da análise da documentação complementar. O valor de mercado dos imóveis está estimado em aproximadamente R$ 100 milhões.
AUTORIDADES

Ginásio municipal ficou lotado pelos moradores que foram receber suas escrituras Foto: Silvana Antunes TP
O presidente da Eletrobras, Cleicio Poleto Martins destacou ser um momento especial, tanto para os moradores como para a Companhia. “É um reconhecimento da aplicação, de fato, da responsabilidade social da Eletrobras com a comunidade onde ela atua. Logo que assumi a diretoria nos deparamos com essa situação, solicitei que houvesse um estudo social das pessoas e após repassei minha posição para a diretoria para fazer a doação, o que foi prontamente autorizado. As famílias podem ficar tranquilas, sem a preocupação de amanhã ou depois terem que por alguma eventualidade, entrarem na justiça ou terem algum incômodo que possa tirar o seu sono. É com muita alegria que a gente está aqui hoje comemorando essa data tão importante para o município. Afinal de contas, quase 15% das residências que serão doadas hoje correspondem ao total de residências desse município tão importante para o Rio Grande do Sul. Se a vida é vivida de momentos, esse é um momento muito especial também na minha vida, não só na vida de todos que estão aqui”.
O defensor público Rafael Magagnin, ressaltou a entrega como a realização de um trabalho e sonho da Defensoria. “Já são quase quatro anos em que a gente vem aqui atender os moradores. Foram mutirões, visitas em muitas casas para conhecer a realidade, e depois de todo esse envolvimento, de conhecer tanto as famílias, a nossa alegria hoje de estar aqui entregando as chaves, a matrícula que atesta propriedade da casa de cada um, pra gente é uma alegria impagável. Estamos muito felizes de fazer parte desse processo”.
A procuradora do município, Nathiane Vaz relembrou as mais diversas etapas do processo, destacando que para ela foi um grande desafio. “Estávamos em um cenário de incertezas, dúvida, medo apreensão. Em uma oportunidade entregamos mais de sete mil documentos. É muito gratificante estar aqui hoje, substituir aquele primeiro encontro por esse de alegria. É emocionante fazer parte de tudo isso, desejo a partir de agora muita tranquilidade, saúde, amor e sabedoria.”
O presidente da Câmara, Paulinho Brum, que no início do processo era vice-prefeito ao lado de Folador, relembrou de receber as pessoas em suas casas e compartilhar das angústias. “Moradores foram até minha casa desesperados. Recordo como se fosse hoje o Folador dizer que ninguém iria ficar sem sua casa, que elas podiam ser doadas. O sonho da casa própria foi um sonho de todos. Os protagonistas não foram o prefeito, o vereador, o vice, os grandes protagonistas são vocês moradores que não desistiram”.
O vice-prefeito Marcelo Gregório relembrou de forma saudosa, parte da história da cidade. “Os estudos da geração térmica carvão começaram nos anos 50. Nos anos de 1960 a 61, as margens do Rio Candiota começaram a gerar energia térmica a carvão. Muitos que ajudaram a construir já partiram para o plano espiritual, mas nós estamos, seus descendentes, acreditando, lutando. O pronome adequado para esse momento é nós. Foram muitas mãos, muitas pessoas, muitas entidades que ajudaram para que esse sonho começasse a se tornar realidade, mas permitam-me destacar duas delas, o prefeito Folador e o presidente Cleicio.”
O vereador bageense Lelinho Lopes, representando o governo federal, falou da importância de participar de um dia especial para Candiota. “Fico muito feliz em poder representar o governo federal neste ato, trago aqui um abraço do presidente Lula e do ex-ministro e deputado federal Paulo Pimenta, que não podem se fazer presentes, mas que tiveram também a sua parcela de contribuição para que isso pudesse se tornar uma realidade. Se eu pudesse definir o dia de hoje seria apenas uma frase, a realização de um sonho. E um sonho que se sonha junto, se torna possível, se torna uma realidade. E é por isso que a gente está aqui. Algumas mudanças começaram a nível de Brasil, a nível do governo federal, um governo de diálogo que está de portas aberta. A história de hoje pode ser revertida com o apoio de muita gente. Esse momento não é só a regularização fundiária, ele mostra que a segurança jurídica da residência de cada um está sendo assegurada. E as pessoas vão ter a sua dignidade, a sua cidadania respeitada”.
O prefeito Folador relembrou o processo até a conquista, lembrando que as casas são o resgate da história, de famílias que ajudaram a construir a primeira usina e depois as fases A, B e C e que estavam perplexos diante de um possível leilão. Foi muito trabalho, muita dedicação, muitas pessoas envolvidas para essa conquista. É uma alegria muito grande. Essas pessoas têm história, uma vida. Então não seria justo fazer leilão. Não seria humano. Então é o dever cumprido”.
Moradores receberam as escrituras
em nome das duas comunidades
Iniciando a entrega das escrituras, o primeiro morador a receber a chave da casa de forma simbólica foi o morador mais idoso, Armando Ritta, 95 anos, morador da Vila residencial. Ele recebeu das mãos do prefeito Luiz Carlos Folador e do presidente da Eletrobras, Cleicio Poleto, a chave simbólica e logo após, foi o primeiro a deixar sua assinatura no painel do evento.

Armando Ritta, 95 anos, recebeu a chave de forma simbólica em nome de todas as famílias
Também foi chamado para receber a chave o morador Maxwell Romero Martins. Ao TP, ele falou sobre a entrega. “Isso aqui é tudo para mim. Há 58 anos eu moro em Candiota, eu sou filho de ex-funcionário da CEE. A gente não tinha dinheiro para comprar a casa, não dormia mais de preocupação, mas agora é nossa, é uma realidade. Só tenho que agradecer por tudo que está acontecendo na minha vida, na vida minha, da minha esposa e do meu filho”.

Maxwell Martins e família recebeu a escritura das mãos do prefeito Folador
Falou também o jornal o morador Claudio Alves Blois. “Eu não tenho palavras para falar, só tenho para agradecer. Por todos esses anos que eu moro aqui em Candiota, 42 anos, agora foi a realidade de um sonho que a gente sempre pensava um dia chegar e chegou.”

Claudio Blois recebeu a escritura
das mãos de Lelinho Lopes (C)
Ainda, Paulo Cezar Oliveira Goveia, que reside há 42 anos na Vila Residencial disse que a palavra era gratidão. “Hoje é um dia que fica marcado na vida de todos nós. Terminou aquela angústia que a gente sentia desde que se iniciou esse processo. Nesse tempo perdurou muitas dúvidas, mas hoje chegou o dia de uma grande conquista. A palavra é gratidão. Muito obrigado a todos os envolvidos.”

Paulo Goveia e esposa também
foram receber sua escritura
As demais entregas foram feitas ao fim do evento, no ginásio, por uma equipe da Prefeitura de Candiota.
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