A copa e o tempo

Semana passada avaliei cinco favoritas para a Copa. Quando escrevo Alemanha e Espanha já foram. A Alemanha foi desclassificada garças ao interesse da Espanha em deixar a Alemanha de for a. Sem o devido empenho e com uma equipe cheia de reservas, perdeu para desclassificar a rival com quem havia empatado. Dias depois, perdeu para Marrocos que apenas se defendeu por cento e vinte minutos. Derrota merecida para quem não jogou limpo, para não escrever algo pior. Continuo achando que Brasil, Argentina e França são favoritas.
Lembro que Pelé deixou a seleção logo após a Copa de 1970 e tinha trinta anos. Há momentos para tudo, inclusive para parar. Cristiano Ronaldo e Messi são dois dos quatro melhores jogadores de futebol da história na minha opinião, mas estão forçando a barra em não parar. Esta semana Cristiano Ronaldo, que andou na reserva no Manchester United, não gostou de ser substituído, foi ver o jogo no banco de reservas, inclusive na partida seguinte. Algo inimaginável, mas foi. Portugal jogou bem e o fato de que não anda jogando lá estas coisas pareceu mais evidente. Ainda que com 37 anos me parece que é melhor ficar com o velho que apostar no novo. Os dias seguintes nos mostrarão se estou certo. Messi não me parece que vá conseguir empurrar a Argentina com a vitalidade de outros tempos. Precisa de um time que corra para ele brilhar. Pode acontecer muitas vezes, sempre não. Mas é futebol e no inusitado de apenas uma partida tudo pode acontecer.
O fato é que envelhecer é difícil para todos. É bem mais fácil os outros notarem que o nosso tempo andou.
Dia desses ouvi uma história antiga, mas que fica mais evidente a medida que os meus anos passam. Uma senhora sexagenária observou que o médico com o qual iria consultar havia sido seu colega no ensino fundamental. Ao chegar e ver o velho conhecido com quem não encontrava há décadas pensou: – Como está velho!
O médico não reconheceu sua colega de aula de infância quando esta começou a puxar assunto falando da escola onde estudaram. Não adiantou, ele não lembrou.
Sem saber o que dizer à jovem senhora que estava a sua frente, segundo ela se via, o médico questionou:
– Foste minha professora?

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