A energia e o carvão

Nos últimos dias um dos temas mais relevantes foi a privatização da Eletrobrás e o destinos das termelétricas após a privatização.
Primeiramente, vamos interpretar que todos os projetos “liberais” sempre estão focados em lucro para os que dominam. Maior lucro possível. Aos que podem menos as sobras, se houverem.
A Eletrobrás, como a Petrobrás, só tem serventia para o Brasil como empresa controlada pelo governo. Se for privatizada, entrará na mesma linha da Petrobrás (que o governo deveria mas não controla) de hoje e o preço da energia passará a ser os que os donos do monopólio decidirem. Estes preços atenderão os interesses dos acionistas e poderão ficar piores que já estão. Sim, o que está ruim pode ficar pior ou alguém anda contente com o que paga de luz?
Por outro lado, os governos deveriam andar de mãos dadas com o interesse do povo brasileiro. Onde está o interesse brasileiro de fechar empresas como as termelétricas?
O Brasil tem aproximadamente 2,7% da população mundial e contribui com em torno de 2% dos gases do efeito estufa. E nestes dados estão incluídas as queimadas que ocorrem no Brasil. Logo, cada brasileiro contribui muito menos que a média de um habitante do planeta para o aquecimento global.
A China contribui com cerca de 24% do total dos gases do efeito estufa e os Estados Unidos com cerca de 15% do total. Por habitante, um norte-americano polui muito mais que um chinês já que a população da China é pouco menos de 5 vezes maior que a dos Estados Unidos. Comparando com o que norte-americanos e chineses poluem, um brasileiro é um ser exemplar de limpeza e consciência ambiental.
Por outro lado, o modelo energético brasileiro estruturado e dependente de usinas hidrelétricas, também é dependente das chuvas no nordeste e só não entrou em colapso ainda porque o país não cresce ou cresce de forma inexpressiva nos últimos dez anos.
Assim, ainda que uns falem na extinção das termelétricas, seria um profundo erro estratégico que as que estão em operação sejam desativadas nos próximos dez ou quinze anos. Porém, é preciso atenção e ações levando em consideração que num futuro não muito distante as termelétricas poderão ser desativadas.
É preciso também que as autoridades interessadas na manutenção das termelétricas, em nome da comunidade regional, tenham um discurso consistente a favor do que propõe, derrubando com argumentos, dados técnicos e números, a ofensiva dos que por motivos muitos, mas principalmente procurando obter vantagens, vão propor o fim do ciclo da energia a carvão produzida em nossa região.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

Comentários do Facebook