À moda antiga

*Por Marco Antônio Ballejo Canto

O assunto da semana foi a cadeirada que Datena mandou num adversário político durante debate em São Paulo. Os falsos moralistas que circulam pelo país continuarão dizendo “que absurdo”. Na real, não sei não. Acho que metade da população de São Paulo deve ter pensado, quando pensando honestamente com seus botões, “bem feito”.

Certo é que debates políticos não raramente deixam uns quantos com os ânimos exaltados quando a tal liberdade de expressão passa de qualquer limite aceitável.

Em São Paulo, um certo Pablo Marçal, candidato a prefeito, é um sujeito da última laia podre da política brasileira. Quando abre a boca o que fala de asneira e imundice é algo impressionante. Ouvi raramente mas o que ouvi é o suficiente. Oriundo das redes sociais, do núcleo dos boçais das redes, naturalmente tem os seus parecidos. Nem deve ir ao segundo turno, mas se for, as pesquisas indicam que perde independentemente de quem seja o outro. Conhecendo Datena faz tempo que o provoca, com ataques no mais baixo e chulo escalão.

Marçal vem na esteira de Trump, Bolsonaro e outros que mentem, xingam, ridicularizam, inventam, fazem de tudo para transformar mentiras em verdade. Compostura nenhuma. Educação de berço não teve. De escola também não. Algum destaque no passado como chefe de quadrilha.

Nem Bolsonaro quer saber dele, embora ele tente fazer de conta que é o representante do Bolsonarismo na eleição de São Paulo. Verbalmente, Bolsonaro e Silas Malafaia já detonaram o vivente que em queda nas pesquisas nos últimos dias anda mais insuportável.

Datena que já está velho o suficiente para não levar desaforo pra casa, cansou de ouvir o destrambelhado dizendo que “Você não é homem Datena, não é homem nem pra fazer isso”. Queria dizer que Datena não era homem para bater nele. Foi quando Datena pegou uma cadeira de bom tamanho e largou com gosto no vivente.

Fosse preliminar de evento de luta no octógono  a galera teria ido ao delírio.

Datena nos últimos anos se notabilizou por fazer um programa de televisão que tem seus adeptos e que é um programa muito ruim para o meu gosto. É roubo, assassinato, violência, perseguição policial, salvamento, catástrofe. Com seus poucos mas relevantes pontos de audiência, Datena pensou que se fosse candidato seria eleito prefeito. Esqueceu de um detalhe, ele trabalha para um nicho de público e o prefeito trabalha para todos. Não deve fazer 10% dos votos da cidade de São Paulo, mas é uma “celebridade” concorrendo.

Marçal não deve ir para o segundo turno mas fará mais votos que Datena. Marçal é produto de uma época onde fazer qualquer negócio para estar em evidência é mais importante do que a pessoa procurar se educar para ser um pouco mais culto, um pouco mais sábio e ter um pouco mais de conhecimento. E as redes pagam bem os fazedores de escândalo.

À moda antiga, Datena entrou em cena como se fosse um guri. Luva de Pedreiro poderia dizer a Marçal “Receba”.

Acredito que todo aquele que pretende ser candidato político tem que ter paciência e deixar para o povo o papel de demitir o moleque antes de dar posse a ele. Mas Datena é um ser humano. Sempre que estiver com um falso moralista também vou dizer “que absurdo”.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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