A qualificação

* Marco Antônio Callejo Canto

Sentei em frente ao computador para escrever e fiquei pensando no que escrever nestes tempos de poucas notícias interessantes que não se referem a catástrofes.
O Internacional deverá se manter na primeira colocação do campeonato brasileiro por mais uns dias. Com um time muito ruim, parece a vaca que depois de uma enchente se equilibra em cima de um poste; você percebe que ela está lá, mas não consegue entender como chegou lá. O certo é que de alguma maneira vai descer. Se alguém acha que nada pode ser pior que assistir jogos do Internacional, basta dar uma olhada no campeonato chileno. Esta semana por vinte minutos assisti ColoColo x O’Higgins. Ninguém merece assistir um jogo destes.
No Rio de Janeiro, em São Paulo, em vários outros lugares do país, o povo foi para as ruas, para as praias, e seja o que Deus quiser. Deus não quer nada, nem para mais, nem para menos; deu aos seres humanos o que chamamos de livre arbítrio. Ao que parece, em boa parte do Brasil e para boa parte da população, que morra quem tiver que morrer. Sempre foi a tese do presidente. Por que não seria a tese do povo que o aprova ou idolatra? Outra parte do povo age a favor da disseminação do vírus para manter o auxílio emergencial. Para a parte destes que nada tinha, e nada tem, a falta do auxílio é pior que o vírus.
Dias antes de encerrar o prazo para as convenções que definirão os candidatos a prefeito e vereadores, leio os jornais e parece, com algumas exceções, que nada está em jogo. Vivemos um tempo de poucas crenças, de pouca participação do individual nas decisões coletivas, de pouca integração entre os membros da sociedade, de muita descrença entre as pessoas. A Câmara de Vereadores de Hulha Negra não possui um único vereador que esteve na primeira legislatura (1993-1996), mas essencialmente, como grupo, se comporta da mesma maneira. Como os novos membros tem origem no mesmo povo, os vereadores eleitos em 2020 terão o mesmo comportamento.
Quando se trata do prefeito, a coisa muda. Um prefeito qualificado faz diferença. Porém, como o salário dos prefeitos é muito baixo, comparando com o tamanho das responsabilidades, com os riscos dos processos que responderá, e outras coisas, muitas pessoas qualificadas não têm a menor intenção de concorrer a este cargo, seguidamente também por terem renda muito superior. Assim, até candidatos famosos por não terem dado certo em todos os lugares por onde passaram estão se habilitando.
Certa vez escrevi numa das centenas de colunas já publicadas neste espaço, mas vale a pena recordar, “a primeira fraude cometida por um candidato, é se dizer capaz, não sendo.

* Auditor aposentado do Ministério do Trabalho, prefeito de Hulha Negra por três mandatos e escritor

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