Acerca dos antigos

*Por Guilherme Barcelos

Nunca fui enamorado de termos de impacto, capazes, por si, de trazer algo pretensamente superior em tons de moral ou politicamente falando. Não foram poucos ao longo da históriaos exemplos dessa prática, uma prática muito faceira, diga-se, observada a linguagem que utilizamos costumeiramente no seio do nosso RS. Pura moda, cada qual a seu modo, com o perdão pelo trocadilho. Faceiros, apenas e tão só, com desejos de popularidade.

Me incomodo, confesso, com pessoas que se arvoram como salvadores da pátria, sempre me incomodei, eis uma verdade histórica. A parca história que carrego comigo comprova isso, seja pela palavra falada, seja pela palavra escrita. Rejeito demagogos, seres vazios de sentido em suas falas. Odeio oportunistas, especialmente os que se intitulam populares, ou aqueles que se acham populares, notadamente quando as coisas se tornam mais complicadas. Meros aproveitadores. Não há amizade aí. Mas há mais.

Sinceramente, e escrevo assim apenas considerado este veículo, o Tribuna, tenho certo asco para com os “pais” disso, ou “mães” daquilo. Em política é muito fácil ocorrer o esquecimento de projetos, especialmente se forem abstratos. A vaidade é o maior inimigo dos intentos. E a traição, diga-se, é possibilidade permanente. Seres insignificantes mesmo podem ascender. Ignóbeis conseguem trair. Líderes, ilustrados ou não, mas líderes mesmo, são derrubados por medíocres. Isso é possível mesmo. A história demonstra.

Uns, desapegados que são, por questões pessoais, sejam de momento ou não, renunciam. Outros sofrem impeachment. Desapegados que são, os primeiros citados, acabam apenas temporariamente de fora da esfera pública. Voltarão ali adiante. São líderes. E veem, todavia, vices aproveitando parcos espaços de tempo para alavancar aquilo que nunca tiveram, ou seja, brilho, luz própria. Os cassados, os segundos citados, se for justa a pena, somem. Se injusta, retomam o passo como o voo da Fênix, como Collor.E outros, que assumem o resto do mandato majoritário na condição de sucessores, por conta de cassações, ou mesmo de renúncia, comprovam a liderança que sempre tiveram, não por dias, mas anos. Diferentes… muito diferentes, o são, como Itamar. A grandeza, entretanto, não é para qualquer um.

Há quem é medíocre. Há quem é traidor. Há quem é oportunista. E há quem lidera. O último sempre estará de pé. Qualquer que seja a sua inclinação ideológica. Os três primeiros, sempre de cócoras. Especialmente se os ímpetos de traição vierem nas dificuldades. Os traidores nunca terão vida fácil, porém, sobretudo em sede de política. Jamais terão. O destino é a cova, a cova política. E sem uma lápide pomposa, salvo se for o esquecimento.

Cézar, o grande Imperador romano, já falava que a política ama a traição, mas abomina o traidor. Talvez tivesse razão. Brutus, inclusive, o traidor maior, foi a primeira vítima.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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