Como já diz a letra da música, “amor que não se pede, amor que não se mede, que não se repete”, esse é o amor de mãe. E foi desta forma, procurando uma maneira de homenagear e demonstrar o amor de todas as mamães, que você vai conhecer a história da candiotense, Débora Ortiz, que após 23 anos viu a vida mudar completamente ao ser mãe pela segunda vez, mas em dose dupla, gerando duas vidas.
As pequenas Maria Madalena e Maria Teresa Ortiz Rangel, ou apenas Twins, como são chamadas pela mãe, nasceram em fevereiro deste ano e têm como irmã mais velha, Lauren Ortiz Nunes.
PRIMEIRA GESTAÇÃO
Ao falar sobre a primeira gestação, Débora contou que apesar de não ter sido planejada, pois tinha apenas 16 anos quando engravidou, a espera por Lauren, apesar do susto, foi saudável e teve todo o acompanhamento necessário até o dia do nascimento, em 9 de junho de 2001. “Ser mãe pela primeira vez foi um grande desafio. Precisei encarar o medo do desconhecido, a responsabilidade de ser fonte de amor, carinho e conforto para a Lauren bebê”, ressalta ela, citando o apoio que recebeu das duas famílias, e a ajuda de seus pais com toda a proteção e segurança afetiva e financeira que lhes ofereceram. “Além do mais, eles sempre me acolheram e me incentivaram a não largar os estudos, priorizando a mim e minha filha”.
DECISÃO DE UMA NOVA GESTAÇÃO
Sobre a segunda gestação, Débora citou que já havia engravidado quando Lauren tinha cinco anos, mas por conta de complicações acabou perdendo o bebê. Neste período, ela disse que decidiu que não teria mais filhos.
Porém, como na vida tudo pode mudar, os planos começaram a tomar um novo rumo quando ela conheceu o atual marido, Nathãn Rangel, em 2017. “Ele sempre manifestou que tinha o sonho de constituir uma família de forma planejada, mas respeitaria meu momento, minhas prioridades e escolhas daquela época”, disse, afirmando que permaneceu com dúvidas por um certo tempo sobre a ideia de aumentar novamente a família, pois o medo e a ansiedade prevaleciam.
E quando finalmente o casal voltou a falar no assunto, e achar que o momento certo havia chegado, os planos precisaram ser adiados. No verão de 2019, Débora recebia a notícia de ser avó, e decidiu apoiar a nova fase de sua primogênita e auxiliar nos cuidados do neto Bernardo. Com o extinto maternal aflorado novamente e com o neto mais crescido, Débora passou por uma cirurgia bariátrica em 2021, por questões de saúde. Em conversa, ela relatou que sabia da importância do procedimento para no futuro conseguir ter uma gestação saudável e devidamente planejada.
Com a balança marcando menos 30 quilos, as taxas estabilizadas e após aguardar dois anos como sugerido pela equipe médica, o seu corpo estava finalmente pronto para gerar uma nova vida. “Foi quando resolvemos que estávamos preparados para gestar”.
GESTAÇÃO GEMELAR
Alguns meses após a retirada do Dispositivo Intrauterino (DIU), e com o ciclo menstrual irregular, diversos atrasos levaram a testes negativos. Mas, em setembro de 2023, com alta carga de trabalho, compromissos domésticos, menstruação atrasada e enjôos, Débora começou a pensar que a exaustão e o sono poderiam ser resultados de uma gravidez. “Até que num teste de farmácia, o palito marcou dois risquinhos”, relembrou ela, dizendo que guardou segredo até saber o resultado do exame de sangue. “O hormônio HCG positivou e o quantitativo deu muito elevado, comum na gravidez gemelar, responsável pela intensidade dos enjôos, mal-estar e sonolência da fase. Ali eu tinha certeza, estava gerando gêmeos”.
Com a confirmação do médico sobre a gestação dupla e de forma natural, a mãe contou que se sentiu realizada ao ter certeza de que a família de fato estava aumentando. Segundo ela, o acompanhamento até o nascimento foi voltado para evitar um nascimento prematuro, o que é bastante comum quando se trata de gêmeos. Mesmo com as ecografias mostrando uma bebê pélvica e outra cefálica, tudo foi observado e os pais não tinham razão para preocupação.
Em 23 de fevereiro, depois de compreender as diversas mudanças que meu corpo estava passando e perceber os sinais, fiz contato com a Doula, que juntamente com meu obstetra, por precaução me pediram alguns exames. “Para a nossa surpresa, não era um alarme falso. Às 31 semanas finalizando o sétimo mês, com uma das gêmeas que no começo da semana estava pélvica e naquele momento encaixada, dilatação, mudança no colo do útero e contrações, era diagnosticado o início do trabalho de parto”.
Mesmo fazendo de tudo para evitar o parto prematuro, as meninas nasceram três dias após a entrada de Débora no hospital. A primeira a chegar ao mundo foi Maria Teresa, e logo em seguida sua irmãzinha Maria Madalena. Após o nascimento, o casal precisou ser forte e enfrentaram a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal por 38 dias. “Vivemos os primeiros 14 dias após o nascimento das Marias, com muito medo. O quadro era estável e os médicos diziam que, naquela situação, notícia boa era não ter notícia pra nos dar. Passamos por dias de icterícia, fototerapia, infecção, trocas de antibiótico e contando cada grama que ganhavam num dia, e no outro dia perdiam”, relatou, mencionando que o primeiro contato com as filhas foi de luvas e com elas dentro da incubadora, e só no dia seguinte puderam pegá-las no colo.
Ao ser perguntada sobre o sentimento de poder levar as duas filhas pra casa, a mãe descreveu alívio e segurança. “A prematuridade é um caminho de superação e muita fé. Aprendemos isso vivendo o dia a dia. O medo, os anseios, as dificuldades nos ensinaram tanto que não temos como mensurar o aprendizado, e como nos tornamos resilientes com todo o processo”. Débora e Nathãn percorreram quase 5 mil quilômetros neste período, entre Candiota e Bagé, e dedicaram mais de 400 horas para a rotina hospitalar. Segundo ela, cerca de 20 litros de leite materno foram doados para o banco de leite durante esses dias, até conseguirem a tão sonhada liberação e voltarem com as filhas para casa, que aconteceu no último dia 4 de abril.
ROTINA
Com muita fé em Deus e sempre agradecendo pela saúde das filhas, a rotina na casa da família passou por uma completa mudança. Foi preciso criar e estabelecer horários para as atividades diárias, como banho, sono e as mamadas, seja no peito ou com o complemento. “Atualmente passo o dia com as gurias sozinha. Dedicação exclusiva à elas. Papai trabalha em horário administrativo, passando mais de 10h fora e quando chega, assume juntinho. Geralmente já estão todos banhados e de pancinhas cheia, esperando com o mate pronto. Mas tem dias que aperta um pouquinho mais, então o papai faz questão que a rotina do banho e das massagens seja com ele”, contou, afirmando que tudo isso é possível por ter uma pessoa ajudando nas tarefas na casa. “Tenho a tia Raquel, que me ajuda nas tarefas da casa, almoço, limpeza e organização doméstica, o que já é meio caminho andado”.
Além disso, ela também destacou a importância de ter a rede de apoio. Assim, aos poucos tudo vai se encaixando para uma rotina ideal para toda a família. Ainda, Débora decidiu liberar suas redes sociais para mostrar como está sendo a experiência com as pequenas, e também para ajudar de alguma forma outras pessoas que estejam passando pela mesma fase, ou que irão passar. “Não tem como nos preparar para sermos mães de UTI. Não há cursos, mentores, livros, podcasts ou qualquer outro meio que amenizem a dor dos dias que virão, mas manter a fé é crucial para viver um dia após o outro. Nós, mães de UTI, somos guerreiras em dobro, donas de uma força absurda que sequer sabemos que temos. Não há o que façamos a não ser confiar, superar e ter uma linda história pra contar”, finalizou.