*Por Marco Antônio Ballejo Canto
As notícias dos últimos dias nos fazem perceber de uma forma clara o que é poluição oriunda das queimadas.
Para mim, nada de novo, certa vez fui à capital de Tocantins, Palmas, final do século passado. Quando o avião saiu de Brasília a informação era de que teríamos que enfrentar o problema da fumaça das queimadas. Descemos em Palmas? Não. Com o avião sumido na fumaceira descemos em um aeroporto pequeno de uma cidade próxima chamada Porto Nacional, Alguém já ouviu falar de Porto Nacional? Então, foi lá num dia que preferia ter esquecido que o avião desceu picando na pista. Um charutinho de cem lugares, dias depois de um igual ter caído em São Paulo.
Nada parecido com a pequena fuligem que bloqueia levemente o sol como temos visto por aqui. As queimadas em Palmas permitiam ver cem ou duzentos metros a frente, não muito mais que isso.
Mas é importante que tenhamos que passar por estes momentos e lembrarmos deles quando formos tratar do carvão de Candiota e das nossas usinas à carvão.
Eu lembro que meu corpo estava todo acinzentado certa vez na adolescência quando joguei futebol em Candiota devido à fuligem que colava no corpo molhado, mas isso faz mais de quarenta anos. As melhorias realizadas nem de longe permitem a emissão de fuligem no patamar daqueles tempos.
Comparar as emissões das usinas de Candiota com as emissões das queimadas é algo que só pode ser atribuído a estupidez de quem compara e acredita que estão no mesmo patamar.
Na próxima vez que alguém falar perto de ti sobre poluição atmosférica não lembra do carvão e lembra das queimadas. Dia desses escrevi aqui que os que querem a extinção das usinas termelétricas à carvão desejam uma vitória poética. Não vão resolver quase nada nos gases do efeito estufa, mas vão dizer que obtiveram uma vitória.
Olhe para o céu. Há dias em que o sol está parecido com Marte ou com alguma outra coisa que não é o sol com o qual estamos acostumados. Queimadas no Brasil. Mas já vimos algo bem parecido com fuligem de vulcões no Chile.
Se há pouco para fazer com vulcões, há muito para fazer prevenindo queimadas e tudo que não precisamos em pouco tempo é fazer a extinção de usinas para diminuir o efeito estufa de forma significativa.
Mas o planeta está dando recados.
Faz tempo que eu tenho ouvido falar na mãe terra. Desde os tempos que lia um livro que contava a saga dos índios nos Estados Unidos, “Enterrem meu coração na curva do rio” de Dee Brown. Não lembro se este livro citava a expressão mãe terra, mas citava o respeito à terra. Imaginem se este Ente vivo chamado Terra um dia desses resolver espirrar? É algo que tenho pensado faz tempo.
O ataque às torres gêmeas nos Estados Unidos era algo previsível. Mais dia menos dia iria acontecer algo assim. Os Estados Unidos fazem por merecer represálias. De alguma forma chegariam. O espirro da Terra chegará. Por enquanto vem chegando em doses pequenas, mas se não fizermos por merecer tempos de paz chegará em dose inesquecível para quem sobreviver.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*