Até o mais amargo do fim

Escrevo semanalmente uma coluna desde que o jornal foi criado. Das quase quinhentas colunas que escrevi, dezesseis foram dedicadas à Lava Jato e a Sérgio Moro. A primeira vez foi em 28.11.2015. Dizia: “Eu, que continuo ingênuo, acredito que estamos passando o Brasil a limpo, mas como sou levado a crer que, por vezes, é demais minha inocência, aguardo para chegar a algumas outras conclusões”.
Em 05.03.2016, escrevi que “Não sei quanto ganham as pessoas que vendem para a Globo informações privilegiadas, se é que ganham. Gostaria de ver uma investigação em andamento para identificar os culpados por estas informações vazarem. Seria uma demonstração de honestidade daqueles que parecem estar ao lado da verdade. Parecem”.
Em 19.03.2016 escrevi que “O judiciário tem colocado Lula em várias situações constrangedoras. Os ministros do Supremo Tribunal Federal (sete dos onze foram indicados por Lula ou Dilma) ficaram calados enquanto Lula era cutucado por um juiz federal de 1ª instância”.
Em 06.01.2017, escrevi que “A economia em queda, impulsionada para baixo pelos intermináveis escândalos produzidos pela Lava Jato, fez o emprego fechar o ano com mais de 12 milhões de desempregados no Brasil. O grande problema da Lava Jato continua não sendo a corrupção, nem a apuração, é o escândalo. Que os homens que investigam e punem tenham a sensatez de não ampliarem a crise em 2017 com novos midiáticos eventos”.
Em 04.01.2018 escrevi “A Lava Jato perdeu força, os escândalos diminuíram e quase todos os presos importantes já estão soltos, em prisão domiciliar. O país, por acaso, começou a crescer economicamente”.
Em 28.09.2018 repercuti o editorial do Estadão que dizia “A tibieza da oposição partidária ao lulopetismo coincidiu com a implosão da política a partir da Lava Jato, que acabou servindo de instrumento para os que pretendiam purificar o Brasil na fogueira dos escândalos”.
Em 19.06.2019 escrevi que “Sérgio Moro acertou com Bolsonaro que os bons serviços que prestaria na manipulação da campanha eleitoral seriam pagos com um cargo de ministro e posteriormente com uma indicação para o Supremo Tribunal Federal. Bolsonaro admitiu, faz poucos dias, a existência do “compromisso” e que Moro será indicado para o Supremo Tribunal Federal. Depois disse que tinha se enganado em falar em “compromisso”. Não se enganou. O problema do Moro é que Bolsonaro não é confiável. Moro já é descartável. O tal “compromisso”, para os amigos, é um acordo razoável. Para outros seres racionais, é propina”.
Sérgio Moro colocou-se num mundinho do tamanho da sua mediocridade. O Supremo Tribunal Federal, ainda que muito tarde, parece que também pretende colocar o vaidoso juiz de primeira instância no lugar que merece.

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