MOBILIZAÇÃO

Audiência sobre o futuro do carvão lota o Legislativo em Candiota

Mesa foi composta por autoridades municipais e palestrantes da noite Foto: Sabrina Monteiro TP

“Vai atingir a todos, sem exceção”, esta foi uma das frases que ecoou nos ouvidos de quem estava presente na Audiência Pública realizada na última sexta-feira (7), na Câmara de Vereadores e Vereadoras de Candiota. Autoridades do município e região se fizeram presentes, além de empresas que superlotaram o espaço. A audiência foi conduzida pelo vereador e presidente da Comissão do Carvão do legislativo candiotense, Guilherme Barão, representando o presidente Marcelo Gregório que estava em viagem.
No começo da Audiência, um audiovisual denominado como “Luzes na Escuridão, um grito por Candiota”, foi apresentado e retratou a atual situação de cidades como Charqueadas, Arroio dos Ratos, Minas do Camaquã e Lavras do Sul, que giravam em torno do carvão mineral e tiveram suas usinas fechadas. O vídeo mostrou cidades com imagens assustadoras, além dos depoimentos de ex-funcionários que sofreram o impacto e viram a vida mudar com a chegada do desemprego.
Com o tema Carvão de Candiota: Passado, presente e futuro gerando empregos, o debate foi proposto pela vereadora emedebista Hulda Alves, e contou com quatro painelistas sendo eles o diretor do Sindicato dos Mineiros de Candiota, Hermelindo Ferreira, o gerente de Controle da Seival Sul Mineração (SSM), Nelson Kadel Júnior, o professor da Universidade Federal do Pampa, professor Jocemar Biazzi e o diretor do Instituto Padre Josimo, Frei Sérgio Görgen.
 Na oportunidade, Hulda começou sua fala informando que desde 2021 o tema carvão mineral é tratado por meio de um grupo de whatsapp, pois entendem a importância do assunto e do setor energético para a manutenção dos empregos em Candiota e região.

Diversos assuntos relacionados ao tema foram apresentados pelos palestrantes Foto: Eduardo Jacques/Especial TP

HERMELINDO FERREIRA
Dando início aos debates, Hermelindo começou sua fala dizendo que é oriundo de Lavras do Sul, e que não começou sua atividade como minerador em Candiota, mas sim em Minas do Camaquã. “As vezes vem aquelas cenas das filas de funcionários e trabalhadores fazendo a assinatura de suas rescisões, e muitas delas não se encontraram mais”, relembrou. Na sequência, Hermelindo explicou o que é a Transição Energética Justa, e reafirmou que o assunto precisa de união e esperança. “Se não soprarem a esperança para Candiota, não iremos para frente”, enfatizou. Ao finalizar, o minerador disse que querem o caminho da gaseificação, citando que o problema não está na mineração, e sim na queima do carvão.
NELSON KADEL
Dando continuidade ao debate, Nelson contou a história do carvão que começou em 1795, em Butiá. Além disso, o diretor falou sobre o aproveitamento das cinzas do carvão, dando destaque ao cimento. Ao citar o trabalho realizado pela SSM, Nelson informou que a empresa passou 25 anos estudando e pesquisando a geologia do município, para desenvolver um programa que fosse sustentável. “Na unidade de Butiá, nós temos uma antiga cava de mina que recebe todo o resíduo sólido urbano, e uma boa participação dos municípios. Ali, esse resíduo é canalizado e gera energia novamente, e com isso nós conseguimos algo que é extremamente difícil, que é acabar com os lixões a céu aberto que tão poluentes são, mais que uma termoelétrica”, finalizou.
JOCEMAR BIAZZI
Já o professor Jocemar, mencionou que Candiota tem a maior mina de carvão do Brasil e explicou que a Unipampa estuda e defende a gaseificação, apresentando slides de como funciona. Disse que o processo não é algo novo, e sim algo amplamente dominado tecnologicamente. “Quanto universidade estamos engajados, estamos à disposição e estamos na luta também”, reforçou.
FREI SÉRGIO
Finalizando a fala dos painelistas, Frei Sérgio falou sobre a peregrinação que foi realizada em Brasília, informando que Candiota está muito mais sustentável do que o projeto de Santa Catarina e por isso é necessário ter a mesma ajuda política. Além disso, o Frei destacou que eles se inscreveram com a promessa de criarem um projeto, enquanto Candiota já realizou e possui o estudo. “Pedra sobre pedra estamos construindo uma possibilidade”, disse ele. Ao encerrar sua explanação, Frei Sérgio informou que há possibilidade de um segundo processo para a produção de ferro em Candiota. “O carvão do nosso município possui sílica e alumino para produzir ferro. Também há conversas avançadas para que a Petrobras venha para cá, pois somente ela tem a patente para a produção de diesel verde HVO”.
FOLADOR
O prefeito de Candiota Luiz Carlos Folador, disse que o município quer a aprovação para que a Fase C continue gerando energia e desenvolvimento, sustentando as famílias e os municípios. Na oportunidade, Folador parabenizou a empresa Fagundes que acompanhou e preencheu a Audiência, mesmo sendo uma sexta-feira. “Vamos conquistar e manter o que já temos”.

Plenário permaneceu lotado durante a audiência Foto: Silvana Antunes TP

A audiência foi encerrada após a manifestação do público presente, que teve oportunidade de fazer questionamentos acerca do futuro do carvão mineral e Fase C da Usina de Candiota.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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