Brasil: de Getúlio a Castelo

Brasilianista. Esse é um termo construído nos bancos acadêmicos dos Estados Unidos para designar todo aquele estudioso estadunidense, historiador ou sociólogo, economista ou cientista político, professor de português ou de literatura, que se interessa pelo Brasil. Os que cuidam exclusivamente da história do Brasil andam por volta dos quatrocentos. Dentre eles, por exemplo: Alexander Marchant, que escreveu uma obra clássica, já editada no Brasil, “Do Escambo à Escravidão”; Alan Manchester, autor de estudo acerca da predominância britânica nos tempos de D. João VI; Stanley J. Stein, com seus livros sobre o algodão e o café etc. É nesse contexto, de igual modo, que se encontra Thomas Skidmore, de Harvard.

Skidmore disserta sobre a Guerra do Paraguai, o movimento abolicionista e a grande imigração como fatores para a queda do Império do Brasil. E daí por diante. E fala, sobretudo, acerca da Era Vargas. Dela e dos momentos posteriores. O autor, posso dizer com certa segurança, é um dos maiores estudiosos acerca da história política brasileira. E é acerca de uma das suas obras que escreveremos hoje, qual seja: “Brasil: de Getúlio a Castelo”.

O historiador norte-americano começou o livro como uma tentativa de investigar as causas da queda do ex-Presidente João Goulart, a 1º de abril de 1964. O projeto inicial, diz o autor, teve logo de ser ampliado, pois seria impossível explicar o sistema político em que Goulart trabalhava, sem examinar as origens desse sistema, na década seguinte à Revolução de 1930 e o processo de redemocratização que pôs fim ao primeiro período de Vargas, em 1945.

A derrubada do Presidente João Goulart pode ser interpretada em diversos níveis. Há três níveis de interpretação que são os principais, o político, o social e o econômico. Um tal consenso era o que João Goulart havia irremediavelmente perdido em fins de março de 1964. E a verdade, historicamente falando, é que muitos dos acontecimentos que ensejaram a queda de Goulart haviam sido gestados nas décadas anteriores.

Infelizmente, o período de 1930 a 1945 é pouco estudado pelos historiadores. Mesmo o esboço factual do período pós-Guerra é difícil de delinear. Skidmore traz, então, com a sua obra, uma interpretação daquilo que ele considera como sendo os fatores mais importantes na determinação das tendências da política brasileira desde a Revolução de 1930.

Em novembro de 1930, o líder civil de um movimento armado de oposição tornou-se Presidente do Brasil em caráter provisório. Os militares mais graduados, dez dias antes, haviam deposto o governo legal do Presidente Washington Luís, com isso impedindo-o de dar posse ao candidato que, pelos resultados oficiais, havia derrotado Vargas na eleição presidencial de março. Pela primeira vez, desde a Proclamação da República, em 1889, o candidato “do governo” não conseguia chegar à presidência.

A história da liderança política no Brasil, desde 1930, é um registro tanto de sucessos quanto de fracassos. No meandro desse período, uma figura destacada: Getúlio Vargas. Com o surgimento de novas forças políticas. E de um novo Brasil.

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