Câmara de gás feita em (nossa) casa

Depois desses anos onde ficamos isolados e escondidos de uma doença que tirou muitas vidas de forma inesperada, imaginei que alguns atos mudariam para melhor. Nunca pensei que seria da água para o vinho, entretanto, presumi que depois da imunidade viria mais humanidade.
O caso do Genivaldo, homem que morreu por asfixia na câmara de gás feito no carro de polícia tinha 38 anos e sofria de distúrbios mentais, segundo relatos de familiares. Nesse caso não seria mais fácil chamar uma ambulância ou simplesmente manter a calma? Quais eram os riscos se o homem estava imobilizado?
Vários fatos acontecem diariamente, mas quando algo que lembra um dos piores momentos vividos pela humanidade, o caso passa a ser incompreensível. Não sei exatamente o que aconteceu, o que foi dito pelo homem ou pelos policiais, na verdade, não importa. O ato final retira de cena toda e qualquer justificativa. Quando se coloca um ser vivo dentro de um carro junto a uma bomba de gás, o intuito nunca será de acalmá-lo e sim, matá-lo.
Quem em sã consciência imaginaria que alguém pudesse sobreviver sem respirar? Não há explicação, faltou compaixão, faltou bom senso, falta preparo. A cena consiste em tortura, espancamento e xingamentos. Precisa de tudo isso? De certa forma, quando bandidos cometem seus crimes e são penalizados, nos sentimos mais seguros, quando são mortos, usamos a frase “menos um!” Mas será que tem que ser assim, olho por olho?
O único detalhe andando em meio aos nossos dias é o medo. O policial tem medo, o cidadão tem medo e viver causa temor. Os métodos utilizados para deter e que acabam matando o imobilizado assustam muito, quem disse que não seremos os próximos? Quem pode afirmar que nunca passaremos por uma revista na rua. Não seria correto ter medo apenas dos infratores? Não seria correto sentir-se seguro na presença dos policiais?
Não quero em hipótese alguma, generalizar, conheço muitos policiais que prepararam suas vidas e seus psicológicos para exercerem sua profissão. Eles têm ciência que não é pelo simples fato de portarem uma arma que será necessário atirar. Eles sabem que colocar o joelho no pescoço de um homem imobilizado pode matar, que tirar o ar de seus pulmões também será fatal e sabem o que não devem fazer quando desejam realizar o seu trabalho corretamente.
Será que algo apaga o senso crítico de quem comete erros mortais?
A cada acontecimento dessa espécie, as corporações envolvidas sempre prometem mudanças, mas o povo não esquece e sabe que infelizmente logo haverá repetição. Não é exclusividade do Brasil, na verdade, temos muitos exemplos no primeiro mundo, como os Estados unidos e principalmente a recordação das câmaras de gás da Alemanha. Muito triste pensar que a história fica apenas nos livros, que a inteligência emocional não é reverenciada e que a profissão de protetor dos civis não é valorizada.
Gestores, chefes de estado e responsáveis, aprimorem a qualidade mental de nossas corporações de segurança, tratem melhor quem está nas ruas com mais medo que nós, eles também são falíveis, ainda acreditamos na polícia, não deixem que o povo mude de concepção.
Comenta lá no site https://www.tribunadopampa.com.br/colunas/tribuna-livre/
Obrigado por ler até aqui e até a próxima.

* Cristian Canto

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