Virada de ano consumada. Estamos em 2025. Para nós, advogados, pessoas que lidam com o sistema de justiça, o recesso ainda se encontra em marcha. Viagens feitas. Idas e vindas. Descansos e leituras no meio do caminho. É sobre uma dessas leituras que venho escrever hoje, nesta que representa a primeira coluna do ano – lá se vão mais de três anos escrevendo aqui no Tribuna do Pampa, sempre com satisfação e gratidão pelo espaço.
Trata-se, a leitura indicada acima, da obra “Cancelando o Cancelamento”, de autoria da jornalista Madeleine Lacsko. Madeleine Lacsko é jornalista, escritora e palestrante. Colunista do UOL e responsável pelo projeto Cidadania Digital, na Gazeta do Povo, é também especialista da Fundação da Liberdade Econômica. Foi consultora do Unicef Angola, assessora no STF e do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alesp. Seu trabalho, principalmente na área de Direitos Humanos, foi premiado diversas vezes no Brasil e exterior. É reconhecida com certificados e medalhas de instituições militares e policiais brasileiras. Defensora da liberdade de expressão e estudiosa das relações humanas mediadas por algoritmos, é a primeira jornalista a escrever em português sobre o os canceladores do identitarismo.
Acompanho Madeleine em suas redes sociais e, diga-se, compartilho de algumas das suas opiniões, especialmente quanto aos tempos presentes. Nunca havia lido esse livro dela, embora já o conhecesse (estava numa estante minha e, dela, foi para a mala de viagem). O li. E gostei bastante do que li. Na obra, em resumo, a autora propõe uma investigação jornalística e filosófica sobre esse novo movimento do campo dito progressista, qual seja o identitarismo cancelador, pautado, a mais não poder, em um autoritarismo considerável. Aliando anos de estudos e uma robusta compilação de informações, a jornalista mostra-nos o que fundamenta e como funciona a mente dos militantes do cancelamento, além de expor o esqueleto de campanhas que assombram a nossa democracia.
O pensamento, segundo a autora, é tão autoritário, ou mais, do que aqueles para os quais os seus defensores apontam o dedo. Já foram chamados de fascistas, por exemplo? Pois é, fora de determinados grupos todo mundo é fascista. Fora de determinados grupos, aliás, parece que não existiria vida útil, honesta e inteligente. Daí os cancelamentos.
Algo chama atenção no texto, especialmente: segundo a autora, no que concordo, a pretensão do cancelador não será jamais meritória. Busca apenas – apropriando-se artificialmente de uma luta socialmente justa – atingir o fim de destruir uma reputação ou um valor antagônico, ou impor um silêncio forçado, ou converter-se numa condenação eterna. Vale dizer: em nome da defesa de uma pauta justa, a desvirtuam. E, mais do que isso, passam a querer linchar pessoas que não se adequam às suas ideias acerca delas e do mundo. Pensamento vil. E, reitero, autoritário. É preciso, como conclui Madeleine, cancelar os cancelamentos para manter uma liberdade digna da democracia. A pensar… Leitura boa. E indicada.
Feliz 2025 a todos!
Cancelando o cancelamento
Redação TP
19:10 - 10/01/2025
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