HOMENAGENS

Candiotense fala sobre nova rotina na criação do filho após perda da esposa

Edson com o filho Vicente quando mais novinho Foto: Divulgação TP

Esta história contada pelo TP em homenagem ao Dia dos Pais mistura o amor, saudade e superação. Edson Hoppe Ferraz, 28 anos, encarregado de Operação de Usina, pai do pequeno Vicente Vidart Ferraz, de 1 anos e 3 meses, abriu o coração para relatar a rotina na criação sozinho do filho, após a morte da esposa e mãe de Vicente, Caroline Bueno Vidart Ferraz, aos 27 anos, em abril deste ano.
ROTINA
Perguntado pelo jornal como está sendo a rotina da família nos últimos quatro meses, Edson disse que ser pai não é uma tarefa muito fácil, ainda mais sem a mamãe. Ele disse que a ajuda dos avós de Vicente tem sido fundamental. “Graças a Deus tenho os vovôs que estão sempre junto me ajudando, principalmente minha mãe que cuida tanto dele, que inúmeras vezes mesmo estando cansada não mede esforços para dar um banho, comida, trocar, fazer dormir, fazer tudo por ele. E também os pais da Carol que estão sempre nos dando apoio, sempre preocupados, os três avós que estão aqui, o vovô e a mamãe que estão lá em ‘cima’, são nossos pilares que dão forças pra continuar”, relatou Edson, destacando que a rotina é bem corrida. “Preciso conciliar o trabalho e a correria do dia a dia, mas sempre que podemos saímos para passear, brincar e visitar os vovôs”.
A PERDA DA ESPOSA E A SUPERAÇÃO
Ele lembrou o dia que perdeu a esposa e a rotina mudou por completo. “Nossa vida era alegre, com nosso pequeno, nossa família e nossa casa. Cheguei em casa de um dia de trabalho, entrei na porta e me deparei com a coisa mais triste que eu já havia sentido, olhei para a poltrona e vi a Carol ali desacorda e o Vicente brincando no chão. Ainda brinquei quando entrei falando ‘dormindo essa hora?’, mas na verdade ela já tinha ido, perdemos nossa mãezinha como eu chamava ela. Não sabia o que pensar, o que fazer, foi uma mistura de sentimentos, não acreditava no que havia acontecido, estava tudo tão perfeito, não poderia ser verdade, ela cuidava e nos amava tanto”.

Pouco antes da esposa falecer, casal havia feito fotos com o pequeno Vicente Foto: Oficina da Imagem/Especial TP

Edson contou ao TP que desde então sua vida virou de cabeça para baixo e surgiram muitos questionamentos. “A saudade cada dia é maior, o sentimento de que porque não eu no lugar dela, porque ela não ficou com o Vicente. É errado tirar uma mãe que amava tanto seu filho tão cedo assim, porque a pessoa que escolhi dividir a vida, por quê?”.
SER PAI
Ao ser questionado sobre o que representa ser pai, Edson diz que cada dia é um aprendizado diferente e que cada coisa nova que o filho aprende é uma força para seguir em frente. “Comecei a pensar que agora mais do que nunca preciso ser forte, pois fiquei com a missão de criar esse presente que a Carol me deixou, o maior legado dela, a coisa mais maravilhosa que aconteceu comigo, que se não fosse ele não sei o que seria da minha vida. Meu filho hoje é tudo pra mim, é o que me ajuda e da força pra levantar cada dia, me ensina muita coisa, é meu porto seguro, o sorriso dele cura qualquer ferida, qualquer dia cansativo de trabalho.
MISSÃO
O pai do pequeno Vicente diz que hoje, sua maior missão é criar o filho como foi criado pelos pais. “Ensinando o que é certo, a ser gentil e educado, que somos todos iguais, a ser uma pessoa boa e com caráter e que me dê muito orgulho. Infelizmente nossa mãezinha não está aqui conosco, mas sei que estará nos cuidando e nos olhando de onde quer que ela esteja, e espero que ela sinta muito orgulho do pai que estou sendo para ele e que ela tenha a certeza que vou dar a ele todo amor que ela daria e que nunca deixarei ele esquecer da mãe maravilhosa que ele teve. Acredito não ser o melhor pai do mundo, mas junto forças e me esforço diariamente para ser o mínimo que meu pai foi para mim”.
Edson deixa um recado. “Aproveitem cada minuto sua família, seus filhos, não apenas em datas comemorativas, mas todos os dias, e quando pensarem que estão com algum problema, lembrem que tudo se resolve, que tendo toda família com saúde e amor tudo passa, que a família é nosso bem mais precioso”.
HISTÓRIA DO CASAL
Edson e Carol foram namorados de infância por volta dos 14 anos de idade. O reencontro aconteceu em 2018 quando ele voltou para Candiota após ter saído em busca da carreira profissional, e começar a trabalhar na obra de construção da UTE Pampa Sul.
Ele lembra ter sido um ano bastante difícil. “Foi muito triste, pois perdi meu pai Carlos Roberto Feijó Ferraz, que sofreu um infarto fulminante aos 48 anos. Nesse momento fiquei sem chão, pois meu pai além de tudo era meu melhor amigo, foi um choque para mim e minha mãe. Desde então, já virei o homem da casa, sendo filho único, tive que continuar e cuidar da minha mãe”.
Segundo Edson foi nesta época que a Carol entrou novamente em sua vida. Reencontrei ela no trabalho, começamos a conversar, relembrar nossos momentos de infância e então nos apaixonamos novamente e ficamos juntos. Logo ela veio morar comigo e minha mãe”.
O casamento aconteceu em 18 de janeiro de 2020, seguido por momentos tensos e depois uma enorme alegria. “Continuamos morando com minha mãe. Logo após descobrimos que ela estava grávida, foi aquela alegria misturada com medo, mas infelizmente perdemos nossos dois bebês, pois eram gêmeos e tivemos que juntos superar. Em 2021, com tudo mais tranquilo, conseguimos comprar nossa casa bem perto da casa da minha mãe, fizemos reformas e um certo dia tivemos a notícia mais feliz de nossas vidas, que a desconfiança de uma pedra na vesícula era nosso pequeno que já estava com 3 meses. Desde aquele momento foi só felicidade. Ela teve uma gravidez muito tranquila, terminamos as reformas na nossa casa e nos mudamos três dias antes de nosso Vicente nascer”, relembrou.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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