ESPECIAL 30 ANOS CANDIOTA

“Celebrar 30 anos da cidade, por si só, é a prova que valeu a pena”, afirma Tailor Lima

Tailor Lima presidiu o processo de emancipação de Candiota Foto: Divulgação TP

Com autodeclaração de emancipacionista convicto, Tailor Lima, 67 anos, aposentado da Companhia Riograndense de Mineração (CRM) foi o presidente da comissão de emancipação de Candiota.

Passados 30 anos deste processo, o ex-vereador e candidato a prefeito em três ocasiões, quando questionado pela reportagem do Tribuna do Pampa acerca dos fatores positivos de ter feito parte da história, Lima fala em satisfação. “Este é o sentimento de quem colaborou para emancipar os históricos campos e rico subsolo do Candiota. Assim como gratificante, relembrar os esforços de dezenas de pessoas que se doaram para transformar os velhos distritos, que chamavam de Candiotinha e Seival, no nosso próspero município de Candiota”, afirmou.

EVOLUÇÃO – Sobre a evolução de Candiota nestes 30 anos, Tailor diz ser necessária uma análise com perspectiva de um processo que começou a ser desenhado dois anos antes. “Filosicamente, após o processo de redemocratização do Brasil, na década de 1980, se acentuavam as carências de políticas públicas em Candiota, com total indiferença dos agentes públicos dos distantes municípios de Bagé e Pinheiro Machado. Os ideais emancipacionistas surgiram ao natural, a partir do desfoco social das estatais CEEE e CRM, até então mantenedora das obrigações estatais, com estruturas para educação, saúde, saneamento básico, lazer, entre outros. Concomitantemente, também começava a surgir novos núcleos habitacionais, como os loteamentos da João Emílio e São Simão, os assentamentos agrários, que se somavam aos já existentes Vila Airton e Seival, também carentes de serviços públicos”, relembrou.

Segundo Lima, que também foi candidato a prefeito do município, nestes 30 anos, Candiota experimentou extraordinários avanços pela melhoria da condição humana, notadamente nas áreas de geração de emprego, habitações populares, pavimentação-calçamento e rede de esgoto. “Com orgulho, vejo Candiota se consolidando como cidade-pólo no eixo do complexo carbonífero-energético da região da Campanha”.

Por outro lado, ele faz referência a pontos negativos. “Inobstante, o que ainda me deixa triste, são políticas públicas pouco objetivas em áreas importantes, como meio ambiente, assistência social, cultura, opções de lazer e a falta de convicção de um planejamento de longo prazo para uma cidade sustentável – que combine aspectos econômicos e socioambientais. São secretarias que, não raro, são usadas com o fim precípuo de formação de capital político. O município perde. Precisamos combater as práticas de interesses pessoais e partidários e avançarmos em políticas sociais para todos, reforçar a nossa cultura, para fazer de Candiota um município inspirador”, sugere.

A legislação das emancipações atualmente inviabilizou que novas localidades tenham a mesma sorte que Candiota, Hulha Negra, Aceguá e Pedras Altas. Questionado se na região caberiam novos municípios, Tailor Lima reforça ser um emancipacionista convicto. “Com a criação de novos municípios, por menor que sejam (vide exemplo de Pedras Altas), o cidadão fica mais próximo de seus representantes e os agentes públicos melhor entendem os problemas locais. A descentralização do poder leva o crescimento na geração de empregos e redução de desigualdades sociais. Com a ressalva da necessária probidade e controle dos gastos públicos. A questão é matemática: quanto mais relapsos os agentes públicos, maiores as chances de desperdícios. Acredito, sim, em novas emancipações na região. Até porque, salvo raras exceções, os novos municípios apresentam crescimentos dos bons indicativos sociais – acima dos grandes e antigos municípios”, expôs.

NOVO LIVRO – Tailor está concluindo uma graduação em História e já lançou um livro sobre a história de Candiota até o processo de emancipação. Ele confirmou ao jornal que a graduação em história despertou seu interesse em escrever um novo livro, pós a emancipação. “O primeiro livro é uma obra que reproduz a história em solo candiotense, desde o período pré-ocupação português-espanhola até o processo de sua emancipação político-administrativo, essencial para a formação da nossa identidade e construção de um sentimento de pertencimento. O novo livro, já em elaboração, continuidade do primeiro, vai adentrar no período institucional municipal, com seus agentes públicos, sociedade civil, suas riquezas, lutas e conquistas”, adiantou.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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