Coletivo

Em outros tempos, quando queríamos fazer um jogo de compadres no campo de futebol, que podia ser apenas um lugar com duas pedras que fizessem o papel de goleiras, alguém iniciava a conversa perguntando assim: – que tal um coletivo no final da tarde?
Em Hulha Negra, no início dos anos 1970, aconteciam no Maracanã, um terreno baldio na frente de onde fica atualmente a prefeitura. A expressão “coletivo” tinha razão de ser uma vez que era necessário a presença de quinze a vinte “atletas” para que saísse. Nunca faltava gente. Ao contrário, normalmente sobrava.
Eram tempos de clubes, times de futebol, associações comunitárias, quermesses, pouca televisão, telefone nem pensar e gente que gostava de gente se encontrando para os folguedos que faziam a alegria dos viventes.
A televisão, o celular e finalmente as chamadas “redes sociais” foram deixando os humanos mais distantes uns dos outros. Clubes estão sendo extintos e o esporte quase acabou. Há raríssimas pessoas dispostas a se comprometerem com um time onde todos os domingos à tarde estarão de prontidão para jogar futebol. Se aparecerem, tem mais de cinquenta anos.
Hoje alguns vão para a academia para tirarem fotos para colocarem nas “redes”. A estética é muito mais importante que a alegria de atuar em grupo com amigos em prol de um objetivo comum. Acontece que uma sociedade só pode ser construída rumo ao bem comum com a participação de todos. De muitos, que todos nunca vamos conseguir.
Em pequenas comunidades, a ação política é muito importante. Prefeitos, vereadores e servidores públicos são os grandes beneficiados pelo dinheiro de propriedade de todos. Vivem prestando serviços e recebendo salários de dinheiros que são do público.
Destes grupos podem emergir ações visando a integração das pessoas. Principalmente dos vereadores. Estes, que têm responsabilidade de participar poucas horas por semana de ações na Câmara, podem liderar a retomada de clubes, times de futebol e outros esportes, festas comunitárias com finalidade específica de promover alguma melhoria nos locais onde muitos frequentam. Como contrapartida pelos bons serviços prestados serão reeleitos.
Quando eu era prefeito, as pessoas que queriam fazer um evento comunitário me pediam alguma ajuda do município. É ilegal colocar dinheiro em festas que são organizadas por grupos e com prestações de contas precárias, mas sempre há possibilidades desde que se cumpram regras legais como colocar todos os eventos no calendário anual do município e colocar verbas para atender demandas destes eventos. Pediam com argumento infalível:
– O dinheiro da prefeitura (do município) é nosso, prefeito.

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