Criado há 26 anos em Candiota, o Centro de Reabilitação e Apoio (CRA), tem sido um importante aliado das famílias por proporcionar atendimento especial a crianças e adultos. O local oferta atendimentos em Fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicologia, Pedagogia, Psicopedagogia, Educação Especial e Arte Educação.
Os atendimentos costumam ser presenciais, mas desde as medidas restritivas impostas pelos governos incluindo a suspensão das aulas devido ao novo coronavírus (Covid-19), a equipe de profissionais precisou repensar acerca do formato de trabalho. A reportagem do Tribuna do Pampa conversou a diretora do CRA, Fabiana Viero, que relembrou os atendimentos ofertados no Centro e falou sobre o atual trabalho, que tem como principal objetivo, a continuidade de vínculo entre profissional e usuário.
Segundo Fabiana, na área de Reabilitação, o profissional auxilia aquela criança que tem alguma deficiência, que não consegue no seu contexto do dia a dia adquirir todas as demandas que ela precisa para o seu desenvolvimento. Já na área de Apoio, são auxiliadas crianças que chegam ao CRA para um atendimento mais específico e não tem uma deficiência, apenas alguma dificuldade, um transtorno que impede o desenvolvimento em determinada área, como não conseguir acompanhar uma rotina dentro da sala de aula. Também são atendidas crianças com problemas motores, bem como aquelas que fazem trocas de letras, possuem dificuldade de articulação por questão motora da região oral ou crianças com desvio fonológico.
A diretora também citou os atendimentos psicológicos, principalmente para crianças que passaram por alguma situação conturbada familiar, como separação dos pais, mudança de cidade e morte de familiar, aquela que não se adapta a escola. “São crianças com problemas transitórios que acreditamos reverter em tempo menor e que também recebem o atendimento do CRA. Nesse contexto também incluímos crianças com transtornos de aprendizagem, com TDAH, disléxicas, que precisam de ajuda, um olhar diferenciado para seu desenvolvimento”, explica.
TRABALHO – Questionada sobre a forma de trabalho após os decretos municipais, a diretora lembrou que em situações normais, o atendimento é presencial, dentro da instituição e com horários agendados definidos, porém atualmente, o contexto é diferente de tudo já vivido anteriormente. “Embora sempre tenhamos contato com as famílias das crianças que atendemos através principalmente do WhatsApp, víamos as crianças regularmente. Em casos excepcionais, as orientações eram repassadas aos pais via meios eletrônicos. Agora, isso passou a ser uma realidade. Como o CRA está atrelado a Secretaria de Educação de Candiota, todas as determinações repassadas são seguidas. Nossa preocupação era que tínhamos crianças do quadro da reabilitação que estavam em pleno andamento de suas atividades e por isso, quando paramos os atendimentos presenciais, seguimos no formato eletrônico conforme disponibilidade da família”, conta a profissional.
Ela, que também é fisioterapeuta do CRA, contou que os pais e pacientes receberam orientações já trabalhadas de forma presencial, via WhatsApp. “As famílias iam registrando as novidades que as crianças iam fazendo, apresentando as novidades. Mostrei o modo como as famílias deveriam agir no período em casa”, relata Fabiana, falando também sobre os resultados dessa experiência. “Temos que nos reinventar a todo o momento, esse período está nos mostrando isso. Não podemos ficar focados em apenas uma forma de atender, de viver e entender as coisas. Vejo resultados muito positivos, principalmente quando as famílias nos agradecem dizendo que não estão sós, que tem conforto e ajuda dos profissionais. As colegas tem se dedicado, trazendo novas ideias nessa nova forma de atender”, finaliza.
TEA E VIDEOCHAMADAS – Usuários com Transtorno do Espectro Autista (TEA), assim como outros ainda sem diagnóstico definido, participam de um grupo organizado com atendimento com a fonoaudióloga Nathália Grillo e a educadora especial Cristiane Gonçalves. Para a diretora Fabiana, é um grupo que preocupa a equipe, pois as profissionais realizam um trabalho contínuo de orientação e rotina que devem ser mantidas. Desta forma, as famílias passaram a conversar entre elas e receber orientações por meio de grupo, assim como começaram a ocorrer videochamadas.
O TP conversou com Nathália Grillo (fonoaudióloga) e Cristiane Gonçalves (educadora especial), para saber como foi a experiência, por parte delas também, no período. Segundo Nathália, a internet está sendo utilizada como ferramenta de aproximação para o repasse de sugestões de estimulações que se encaixassem na rotina diária das famílias. “É na infância que a criança desenvolve habilidades que serão levadas para sua vida. Considerando que a mesma aprende por estímulos e exemplos, devemos trazer os mais diversos tipos de sensações e vivências para elas, mostrando assim a importância da integração sensorial no desenvolvimento infantil. A partir disso, trabalhamos o desenvolvimento e a linguagem como um todo, estimulando e valorizando a singularidade da criança”, expõe a fonoaudióloga.
Já Cristiane Pereira disse que os momentos de videochamadas são muito positivos com as famílias. “Estamos vivendo momentos ricos com as famílias, podendo estar mais próximos e trocarmos sobre nossas crianças. Como sabemos, nada substitui o contato físico, porém essas experiências tem sido de acrescentar não só orientações, mas sim emoções, sentimentos, vivências e muito afeto. Por isso, a realização de atividades que unam a família a criança, que aguce sentidos e trabalhe a autonomia da criança”, relata.
PLANTÕES – Desde a semana passada o CRA retornou o trabalho em forma de plantões para reorganizar a continuidade dos atendimentos e atingir o grupo como um todo. Isso porque, segundo explicou a diretora Fabiana, o CRA também possui um Grupo de Reabilitação para Adultos, com usuários entre 15 e 46 anos. “É um grupo com idades e patologias diferentes, por isso essa necessidade. Fizemos ligações diretas para as famílias, conversamos e a partir dessa semana, começamos a realizar visitas domiciliares para ver a situação em casa, também porque temos famílias onde não conseguimos o contato via telefone”, acrescenta.