ESTATAL

CRM foge de déficit milionário e já não depende de recursos do Estado

Presidente da CRM, Melvis Barrios Júnior, falou com otimismo sobre a estatal Foto: J. André TP

Se o argumento para priva­tizar a Companhia Rio­grandense de Mineração (CRM) é porque causa pre­juízos ao já combalido caixa do Estado do Rio Grande do Sul, ele acabou de cair, segundo dados apresentados esta semana, na Câmara de Candiota, pela diretoria da estatal.

No rol das empresas que se pretende vender num projeto que iniciou com o go­verno José Ivo Sartori (MDB) e continua agora com Edu­ardo Leite (PSDB), a CRM parece respirar aliviada com o balanço fechado em 31 de dezembro último.

Sem entrar em muitos detalhes, o diretor Adminis­trativo da Companhia, João Batista Alves, afirmou que atual direção fez um trabalho de reestruturação e recupe­ração financeira. Conforme ele, havia um déficit de cerca de R$ 15 milhões agora em dezembro se fechou o ano com todas as contas pagas e sem qualquer déficit. “Com esta situação não precisa­mos de aporte de recursos do Estado, como era previsto inicialmente. Agora é levantar a cabeça e buscar a compra de novos equipamentos para manter a produtividade. Nos­so trabalho é fazer com que a CRM seja viável e talvez isso reverta esta expectativa de venda, porém isso é uma decisão que não cabe a nós enquanto diretoria da CRM”, disse João Batista, salientando ser sabedor que a comunidade é contrária a um processo de privatização.

O diretor-presidente Melvis Barrios Júnior desta­cou o vínculo afetivo entre a CRM e a comunidade candio­tense, afirmando que este es­treitamente e de ajuda mútua é fundamental, anunciando algumas medidas de parceria como a doação de uma am­bulância usada, o preciso de repasse de uma área de quatro hectares onde fica o cemitério municipal e o empréstimo de dois geradores sem uso da empresa para o sistema de água. “Uma empresa como a CRM precisa contribuir com a comunidade. Tem esse papel”, afirmou.

Ele ressaltou ainda o bom momento vivido pela estatal, afirmando que o com­promisso deles é tornar ela viável economicamente, di­zendo que pagaram agora em janeiro, 50% do 13º salário do funcionalismo já de 2021. “Hoje não devemos nada a ninguém. Suas receitas pagam as despesas”, atestou.

Melvis ainda anun­ciou a parceria com uma empresa paranaense para a construção de uma usina fotovoltaica (solar) numa área dentro da Mina de Candiota (assunto já abordado pelo TP em reportagem específica). “Não é contra-senso, pois por isso que existem as várias fontes para a produção de energia, dentre elas o carvão, que é nossa vocação. Com este projeto, aproveitamos uma área degradada, econo­mizamos com a recuperação e ainda vamos ter parte na energia produzida. É algo que beneficia a Companhia e não interfere em nada no negócio”, ponderou.

Sobre o futuro da es­tatal, Melvis disse que há a expectativa de que em leilão de energia que acontece em maio, haja renovação dos contratos de fornecimento da Usina de Candiota – cliente da CRM na compra de car­vão mineral, por mais de 25 anos, o que estende o negócio por igual período. Também ele citou que em dezembro último, o Brasil importou 2 mil megawatts de energia da Argentina e Uruguai, o que mostra, segundo ele, que o país necessita gerar e o carvão possui potencial para isso, inclusive com projetos já prontos de novas usinas aqui na região.

 

NÃO À PRIVATIZAÇÃO – O prefeito Luiz Carlos Folador (MDB), que prestigiou a parti­cipação da direção da empresa durante a sessão ordinária da Câmara na última segunda­-feira (1º), fez uma defesa veemente da CRM pública na ocasião. “O presidente Melvis e sua diretoria, sem mídia e alarde, recuperaram a nossa CRM. Devemos levantar a bandeira da não privatização,  pois não com essa medida que se vai resolver a grave crise no caixa do Estado. O que foi nos passado aqui hoje é para resgatarmos a imagem positiva da empresa. Não vamos permitir a privatização de algo construído com tanto suor por aqueles que nos an­tecederam”, disse.

O presidente da Câmara e funcionário de quadro da CRM, Gildo Feijó (MDB), fez também uma defesa forte da CRM pública. Afirman­do que entrou pela porta da frente da estatal, por concurso público, Gildo disse que tra­balhou em várias empresas públicas e privadas ao longo de sua carreira profissional, mas nenhuma se compara a CRM. “Quero me aposentar na CRM e quero ver muita gente de Candiota trabalhar e se aposentar nela também. Vamos trabalhar para fazer o melhor pela nossa CRM”, disse, complementando sentir orgulho da empresa.

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