HISTÓRIA

CTG Lagoa da Música realiza a 3ª cavalgada alusiva ao Dia da Degola em Hulha Negra

Uma solenidade com a presença do frei Tiago ocorreu na localidade da Lagoa da Música Foto: Divulgação TP

Cerca de 40 pessoas participaram no último domingo (27), da 3ª Cavalgada pelo Dia da Degola, em Hulha Negra, lembrado em 29 de novembro e feriado no município. Na oportunidade, o grupo saiu do Corredor dos Borba e se dirigiu a avenida principal da cidade, a Getúlio Vargas, seguindo, posteriormente, em direção ao marco na Lagoa da Música, onde ocorreu um ato religioso com a presença do frei Tiago Frey.

A primeira Cavalgada ocorreu em 2019 e conforme o patrão da entidade, Diego Rita, não é um momento de comemoração. “Não estamos comemorando as mortes que ocorreram, mas sim a história que tem ali. Querendo ou não, foi um marco histórico em nosso município”, explicou.

Cavalgada percorreu a principal avenida da cidade Foto: Divulgação TP

DIA DA DEGOLA – A Revolução Federalista foi uma guerra civil que ocorreu no sul do Brasil após a Proclamação da República. Instalada pela crise política gerada pelos federalistas, grupo opositor que pretendia libertar o Rio Grande do Sul da governança de Júlio de Castilhos, conquistar uma maior autonomia e descentralizar o poder da então recém proclamada República. Empenharam-se em disputas sangrentas que acabaram por desencadear a luta armada, que durou de fevereiro de 1893 a agosto de 1895 e foi vencida pelos seguidores de Júlio de Castilhos.

Sob o comando de Zeca Tavares, combatentes federalistas (Maragatos) e republicanos (Pica-paus), comandados pelo general Isidoro Fernandes se enfrentaram durante sete dias às margens do Rio Negro. Relatos contam que 300 soldados republicanos foram rendidos mediante garantia de vida e contidos em uma mangueira de pedra para gado, local que ficou conhecido como “Potreiro das almas” e friamente degolados à beira da Lagoa da Música, embora os historiadores reduzam esse número a trinta.

Comenta-se que a degola do Rio Negro foi muito mais uma desforra de Zeca Tavares, contra Maneco Pedroso, outro proprietário rural que antes havia invadido sua propriedade e lhe deixado sobre sua cadeira uma cabeça de porco e um bilhete: “Tua cabeça será minha”.

Diz à tradição que entre os degolados encontrava-se um rapaz tocador de clarim da sua tropa e que mesmo depois de receber o corte no pescoço, ainda encontrou forças para correr até a lagoa levando seu instrumento musical e desaparecendo nas águas escuras. A lenda assevera que até hoje o soldado morto gosta de tocar o seu clarim nas noites de lua cheia, o que acabou dando à lagoa a fama de um lugar mágico, assombrado, de onde saem notas musicais que ninguém consegue explicar, assim como seu nome: Lagoa da Música.

Mais de 40 pessoas participaram da cavalgada

ADÃO LATORRE – O tenente-coronel Adão Latorre foi um militar brasileiro, revolucionário maragato que lutou na Revolução Federalista.
Nasceu em 1835, no departamento de Rivera, Cerro Chato. Aos 16 anos já era cabo e em novembro de 1881, sargento-major. Com um casal de filhos, mudou-se para Olhos d´Água, em Bagé, para trabalhar nos campos dos Tavares. Com ele vem alguns correntinos, peões que depois se tornaram um piquete de lutadores, juntando-se aos maragatos na Revolução Federalista.

A fama de Adão Latorre começa, quando sob o comando de Zeca Tavares, Maragatos e Pica-paus, comandados pelo general Isidoro Fernandes se enfrentaram ferozmente durante sete dias, às margens do Rio Negro, que resultou na degola dos republicanos.

Ele morreu aos 88 anos, fuzilado no dia 15 de maio durante a Revolução de 1923, no combate do Santa Maria Chico, em Dom Pedrito, após sofrer emboscada dos capangas do major Antero Pedroso, irmão do coronel Manoel Pedroso.

 

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