CORONAVÍRUS

De Wuhan ao caso positivo de Hulha Negra – COE de Candiota atua para minimizar a pandemia

O município, que adotou o slogan de Cidade Protetora da Vida, não economizou recursos para o combate ao novo coronavírus

Somente nos últimos dias, COE colheu 30 amostras para testes PCR Foto: J. André TP

A cidade de Wuhan, na pro­víncia de Hubei, na Chi­na, com seus mais de 11 milhões de pessoas, ainda estava se debatendo com o surgimento de um novo tipo de coronavírus (SARS-CoV-2). Já havia mortes, mas o que se tinha e ainda per­sistem até hoje, são muitas dú­vidas sobre a doença batizada de Covid-19 por seu aparecimento, exatamente no mercado público de Wuhan, em 31 de dezembro de 2019.

No outro lado do planeta, já em janeiro de 2020, na região da Campanha Gaúcha, o municí­pio de Candiota, a Capital Nacio­nal do Carvão, com seus 10 mil habitantes, era alvo de preocupa­ção das autoridades de saúde lo­cal e regional, especialmente pelo fato de trabalhadores chineses e brasileiros terem trânsito com o gigante asiático. Ali iniciava uma história de organização da cidade no combate para aquilo que se tornou pouco tempo depois numa pandemia de escala planetária, classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a maior após a Gripe Espanhola de 1918-1919.

Já no início de março, quando ainda a pandemia nem tinha chegado oficialmente no Brasil, o município já se preparava Foto: Arquivo TP

Contudo, o vírus jamais chegou pelos chineses ou mesmo por uma das tantas indústrias e empresas que atuam no municí­pio, como se temia. A primeira suspeita, descartada em seguida, foi de um jovem que viajou a trabalho para os Estados Unidos. O único caso confirmado até o início desta semana foi apenas computado para Candiota, pois a moradora da cidade foi infec­tada no Nordeste brasileiro e se internou em Pelotas, estando já recuperada. Desde então, todas as suspeitas haviam sido des­cartadas.

Logo no início do ano letivo, que depois foi suspenso, a enfermeira responsável pelo COE, Ariadne da Costa, levou informações às escolas Foto: Arquivo TP

CRONOLOGIA Talvez na semana mais intensa de trabalho desde que o Comitê Operacional de Emergência (COE) da Co­vid-19 de Candiota foi instalado oficialmente em março desde ano, o TP visitou o local onde o órgão funciona, no centro da cidade.

A reportagem do jornal foi recebida na tarde da última se­gunda-feira (15), pela enfermeira Ariadne Meira da Costa, que é a responsável pelo COE candio­tense desde a sua implantação. No dia 31 de março último, o Centro de Eventos, localizado em frente à Unidade Básica de Saúde (UBS) da sede do município, se transformou no Centro de Refe­rência e Prevenção à Covid-19. O local, base do COE desde então, opera de segunda à sexta-feira, das 8h às 15h ininterruptamente.

No dia da visita do TP, nada menos que 15 coletas de amostras nasofaringea foram rea­lizadas pelo sistema swab (longas hastes com algodão nas pontas). Ao todo, só nesta semana, foram ao menos 30 amostras coletadas para testes de Proteína C-reativa (PCR) enviados ao Laboratório Central (Lacen-RS) para inves­tigação de possíveis casos da doença na cidade.

Conforme a enfermeira, Candiota foi pioneira na região em termos de organização para o combate ao novo coronavírus. Já no início de março, quando a pandemia começava a surgir, tendo o primeiro caso em São Paulo, o COE já estava visitando as escolas e fazendo orientações de higiene. Também, já na época, a Secretaria de Saúde local fez a distribuição de um material impresso preventivo. O decreto de instalação oficial do COE foi assinado pelo prefeito Adriano dos Santos (PT), em 13 de mar­ço de 2020. Vale lembrar que o Comitê é um órgão da Prefeitura, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde. “O COE e a criação do Centro de Prevenção veio a somar no projeto ‘Candiota – Cidade Protetora da Vida’. A ideia sempre foi unir esforços para melhor atender os nossos cidadãos durante essa pandemia”, disse o prefeito, quando da instalação do Centro de Referência.

FUNCIONALIDADE Compos­to por uma equipe multidiscipli­nar, o COE atualmente atua com uma médica, quadros enfermeiros padrão (uma que faz o elo com a Fundação Maria Anunciação Gomes de Godoy- Pronto Aten­dimento 24h), um técnico de enfermagem especializado em Segurança do Trabalho, duas técnicas de enfermagem, uma recepcionista e um motorista.

Todas as demandas da Co­vid-19 e síndromes gripais foram retiradas das unidades básicas de saúde (UBSs) do município, sendo atendidas exclusivamente pelo Centro de Referência e Pre­venção. “Chegando aqui, é feito uma ficha e a médica avalia se é um caso de contato ou se apenas uma síndrome gripal, seguindo todo um protocolo. Agora esta­mos com uma margem maior de testes para fazer, liberados pela 7ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS)”, explica.

No local há todo um aco­lhimento e tratamento especiali­zado para tratar caso a caso. “Re­cebemos ao longo desses meses muitas pessoas com ansiedade e até com falta de ar por conta da pandemia, que afetou a psicologia das pessoas”, revelou Ariadne.

No Centro de Referência, casos suspeitos e síndromes
gripais são avaliados por uma médica Foto: J. André TP

A médica Lidiane Klau­ck, que foi cedida da rede básica para atuar exclusivamente no Centro de Referência, afirmou que o trabalho se reveste de importância, pois é possível mo­nitorar toda e qualquer suspeita. “A pessoa consulta e começamos um processo de investigação, procedendo isolamentos e coletas para exames”, destaca a médica.

IMPORTÂNCIA O prefeito Adriano disse que a Prefeitura não está medindo esforços e re­cursos para que o COE funcione. “Uma das decisões importantes, senão a mais, foi ter criado o COE logo no início. Ele é que tem nos balizado para qualquer ação, nos dando segurança no enfrenta­mento da pandemia. Candiota se destaca ao longo desses meses e boa parte disso é por causa do COE local”, pontua.

O secretário de Saúde, Juliano Corrêa, que assumiu em meio à crise sanitária mundial, avalia que o COE foi quem dei­xou a comunidade segura neste processo. “Ele atua, com total apoio do governo e do prefeito Adriano, de forma rápida e eficaz na prevenção do vírus”, enfatiza.

INVESTIMENTOS – Segundo o secretário de Finanças do muni­cípio, Alexandre Vedooto, cerca de R$ 200 mil já foram investidos para o combate à pandemia em Candiota, entre recursos próprios e vinculados do Estado e União. Os recursos serviram para aqui­sição de máscaras, álcool em gel, equipamento de proteção indivi­dual (EPIs), termômetros digitais, testes rápidos, aumento de efeti­vo, veículo 24h, montagem do Centro de Referência e plantão 24h da Vigilância Sanitária.

COMPOSIÇÃO DO COE CANDIOTA
* Ariadne Meira da Costa – enfermeira- coordenadora
* Lidiane Klauck – médica
* Maiara Braga – enfermeira (Fundação)
* Mario Gonçalves – enfermeiro
* Claudia Pereira – enfermeira
* Fabiane Farias – técnica de enfermagem
* Gabriela Camillo – técnica de enferma­gem
* Rubens Correa – técnico de enferma­gem do Trabalho
* Bianca Bom – técnica de enfermagem do Trabalho e recepcionista

* Com modificações em relação ao impresso

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