CORONAVÍRUS

Decreto determina caixão fechado para todas as mortes e situação gera polêmica em Pinheiro Machado

A pandemia do novo coronavírus impôs uma série de mudanças no cotidiano de pessoas do mundo inteiro. Com a necessidade do distanciamento social para evitar a disseminação da Covid-19, até mesmo novas regras para velórios e sepultamentos precisaram ser estabelecidas. As despedidas – já tão difíceis – passaram a ficar ainda mais burocráticas e restritas.

Pela região de cobertura do TP impresso não é diferente. O tema novamente causou polêmica na última semana, quando a Prefeitura de Pinheiro Machado divulgou o boletim epidemiológico do dia 9, apontando o sexto óbito: tratava-se de uma mulher, de 75 anos, “que estava em internação hospitalar, apresentava comorbidades e morreu devido a doenças decorrentes da infecção pela Covid-19”.

CAUSA DA MORTE – Para a família, uma mistura de tristeza e revolta. Em conversa com a reportagem, inclusive portando o atestado de óbito, um familiar contou que as médicas do Hospital em Rio Grande confirmaram que a idosa já estava curada da Covid-19 semanas antes do óbito – ela ficou cerca de 50 dias internada. “Ela morreu de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e choque séptico ou pulmonar. No atestado a médica ainda incluiu que a Covid-19 já estava resolvida, então nós temos como provar que não foi por isso e que não deveria ter saído esse anúncio no boletim”, disse.

Depois de ter acesso ao atestado de óbito, bem como áudios da equipe que atendeu a paciente informando não ser o coronavírus a causa, o jornal procurou a Vigilância em Saúde de Pinheiro Machado para buscar esclarecer o caso. Segundo a enfermeira Marina Scheer, a paciente já foi internada no hospital com complicações relacionadas à infecção por Covid-19. “Quando ela foi transferida para outra ala já havia passado o período de transmissão viral, por isso a explicação dos áudios que a família recebeu. Contudo, para a Vigilância Epidemiológica a causa base de morte é definida como a doença ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos patológicos que conduziram diretamente à morte ou as circunstâncias do acidente ou violência que produziram a lesão fatal”, explicou.

Ainda segundo a profissional, é feita uma análise de todos os dados para que possam definir o caso – independente do que foi descrito na declaração de óbito. “O papel da Vigilância Epidemiológica é investigar para conter novos casos, assim como existe uma lista de doenças de notificações compulsórias que, conforme aumentam a incidência, ações de saúde são usadas para frear ou controlar a contaminação por tal patógeno. Diferente das outras doenças de notificação compulsória, durante a pandemia do novo coronavírus está sendo publicado um boletim diário com dados de casos de coronavírus. Desde o início fizemos esforços para não expor quem são as pessoas, não divulgando sexo, idade e profissão”, disse a enfermeira.

VELÓRIO – Além da causa da morte, a preocupação da família era o translado do corpo e como poderia ser realizado o velório e sepultamento já que a equipe pinheirense alertava para as restrições desde a confirmação do óbito. De acordo com os áudios da equipe do município referência, não seria necessário manter o caixão fechado porque a paciente não estava com o vírus em período de transmissão viral. Por outro lado, o município de Pinheiro Machado, desde o início da pandemia do novo coronavírus, impôs essa condição em todos os seus decretos – independente da cor da bandeira recebida no modelo de Distanciamento Controlado do governo do Estado – e para todas as mortes, independente de sua causa. O número de pessoas e a duração dos velórios também é reduzido para evitar aglomeração e a disseminação do vírus. Os decretos estão disponíveis no site da Prefeitura.

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