Deixa, deixa eu dizer….

*Por Guilherme Barcelos

Minha coluna da sexta passada seria acerca do julgamento do STF, em sede de Repercussão Geral (Tema 979), ocorrido no bojo do RE 1040515. Uma das matérias mais controversas na história do Direito Eleitoral Sancionador brasileiro, a das gravações ambientais clandestinas. Dez anos de luta, o foram. E deu certo. Deu certo porque o STF assim reconheceu a ilicitude delas, mesmo que com uma ressalva.

O jornal não saiu. E não saiu pelo fato da tragédia que acometeu o meu Estado natal, meu amado Rio Grande do Sul. Condições não havia. Ela, a coluna, viria hoje, nesta sexta. Mas pedi que não fosse. E para que pudéssemos substitui-la. Logo o pedido foi acatado. E assim o foi por este periódico que é, assim me disse um dos grandes amigos que tenho, e que tem feito falta na política local, um dos poucos jornais propositivos, de notícias proveitosas, estimulantes, reais, fidedignas. O amigo, que hoje respira ares argentinos, tinha e segue tendo razão. Que saudade dele! Não irei, assim, falar mais sobre… coluna autocensurada (censura do próprio autor… ele, bom… !). Dez anos já bastaram. Quem leu, leu. E quem se preocupou, ou se ocupou, se preocupou ou se ocupou. Poucos, pouquíssimos. Mas, no Brasil, devido processo legal é jogo de torcida. Eis o pensamento em geral, de turba, inclusive, e, talvez, sobretudo, pelos que se dizem progressistas. Hipocrisia pura. E não me surpreende… em pouquíssimos anos, pelo exercício da advocacia, diga-se, fui taxado de comunista, socialista, direitista, fascista (este é o mais recente e recorrente adjetivo, além de vendido ou traidor…). Que gente pequena, todos. O caminho da defesa dos direitos fundamentais, individuais e políticos, é sem olhar para a face do freguês. E sempre será. Sigo ele!

Sou um grande fã de Napoleão Bonaparte, confesso. Fala-se, no Brasil, muito em combate à corrupção. História velha, carcomida. Que serviu, desde há muito, para promover instabilidades ou rupturas institucionais – sedições ou golpes mesmo. Quem sabe, todavia, começássemos a falar acerca do combate à incompetência? Acerca do combate à burocracia estatal que congela ações administrativas, mesmo emergenciais? Acerca do combate às falas bonitinhas, cujo conteúdo é inexistente? Ou dos bonitinhos, que por serem bonitinhos, e apenas por isso, encantam? Ou acerca das falas vazias, que transmitem falsas promessas, não apenas quanto às condições de cumpri-las, mas com a ciência de que não poderão cumpri-las, porque sequer sabem para onde ir, os interlocutores delas? Houve um tempo, não muito distante, em que a solução para uma crise, que deixaria mortos, teria sido o envio de refrigeradores para armazenar os corpos… genial! E não foi num tempo remoto, não. Genial (#ironia)! Mas, o que Napoleão tem a ver com isso? Ora, ele teria dito, há cercade dois séculos (!): “O idiota tem sempre uma grande vantagem sobre o inteligente. O idiota está sempre contente consigo mesmo”. E mais, ainda: “O maior perigo em um exército são os idiotas como iniciativa”. A refletir….

Estupefato estou. E só não digo cansado, porque seria uma baita de uma insensibilidade para com os meus irmãos que diretamente perderam ou estão em vias de perder o chão. Parto para encerrar. Com a tragédia que se acomete sobre o meu Estado, sobre a minha Terra, sobre a minha Raiz, a minha Querência. Com a indiferença de alguns. Ou com a insensibilidade de outros. E com a imbecilidade de muitos. Muitos que dizem haver “fake news” na divulgação de notícias que eles dizem que são “fake news”. E não são. Que, não apenas ameaçam, como fazem determinar investigações de fatos intitulados de desinformação, os mesmos fatos que narram informações, calcadas em provas concretas, demonstrando que o são, mas contra o governo deles. Que se preocupam em determinar investigações, ao invés de se preocuparem em repassar recursos que façam auxiliar, efetivamente, na vida daqueles que estão com os queixos n’água, e que literalmente estão. E que ameaçam pôr na cadeia quem, na verdade, está engajado no auxílio da nossa gente. Sem contar os que saem a tentar dar pitos em Prefeitos, como ocorrido com Fabiano Feltrin, de Farroupilha-RS, que, assim como muitos, está apenas bradando por recursos, diante da calamidade posta. Que tempos… de tudo, então, que vai exposto, três coisas merecem ser ditas: a primeira, a de que a incompetência, e já passou da hora, deve ser apontada, e sem ameaças policialescas; a segunda, a de que a desinformação não é e nem deve ser aquilo que a maioria diz que é; a terceira, e última, é a de que o nosso povo é muito solidário  e valente! Nós, gaúchos, venceremos isso, e com a ajuda de muitos dos nossos irmãos brasileiros, a maioria deles, gigantes que são!

 

Comentários do Facebook