Na Capital Nacional do Carvão o desfile foi promovido pela Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude, reunindo quatro entidades tradicionalistas e sete piquetes que passaram duas vezes pela avenida. 24 de Março. O município também recebeu a presença de cavaleiros de Aceguá.
Além dos desfiles, o público presente também pôde prestigiar a apresentação dos talentos da terra, das invernadas, seguidas por show com De Pouca Prosa e Orgulho Gaúcho.
Entre os destaques, uma homenagem ao tradicionalista José Vanderlei Magalhães e um desfile composto somente por mulheres.
HOMENAGEM – Durante o desfile, o município homenageou José Vanderlei Magalhães de 58 anos, natural de Seival. Segundo o secretário de Cultura, Esporte e Juventude, Diego Lima (Dieguinho), o tradicionalista possui uma grande representatividade no município. “É um dos cavalarianos mais antigos e ativos nas cavalgadas. Seu Vanderlei criou seus filhos trabalhando no lombo do cavalo e até hoje é domador, além de contar que só deixou de usar bombacha apenas uma vez na vida, que foi no seu casamento”, contou Dieguinho.
Desfile de mulheres foi marcado pela emoção
Pela primeira vez no 20 de setembro em Candiota, aconteceu um desfile somente com mulheres a cavalo. Ao som de Anita Garibaldi, de Marlene Pastro, música que retrata a força da mulher farrapa, muitas participantes se emocionaram ao entrar na avenida 24 de Março.
De acordo com o secretário Dieguinho, a ideia partiu do coordenador do desfile, Vagner Duarte, que sugeriu reunir as mulheres de todas as entidades para desfilarem juntas. “Antes nós tínhamos poucas mulheres desfilando e agora temos um número expressivo, até mesmo de crianças. Fiquei muito feliz com o resultado dessa idéia, tenho certeza que todas adoraram”, afirmou.
A produtora rural e moradora do Baú, Maria Celi Fernandes Furtado, de 67 anos, participou do desfile acompanhada da filha Kelly Vitória e relatou que sempre participa das cavalgadas, no entanto, neste ano foi a primeira vez que participou de uma cavalgada inteira, a qual foi até Canguçu para buscar a chama. “Eu sempre ia encontrar a chama na metade do caminho, eu não tinha como participar de toda cavalgada por conta do trabalho”, relatou.
Maria Celi falou ainda sobre a participação do desfile em homenagem às mulheres. “Antigamente as mulheres não tinham muito direito de participar dessas coisas, e hoje não, hoje a mulher pode ser o que ela quiser ser. Um desfile só para mulheres serve para mostrar a força da mulher gaúcha que pode fazer as mesmas coisas que um homem faz, seja andar a cavalo ou fazer uma lida de campo”, falou.
Kelly também herdou da mãe o amor à tradição. Segundo ela, com apenas três meses de vida, sua mãe a levou para um acampamento na Semana Farroupilha de Piratini e foi assim, ano após ano. “Sempre desfilei a cavalo. Com quatro anos eu desfilei pela primeira vez sozinha e assim eu segui essa tradição. Hoje eu laço em rodeio e faço toda a lida campeira graças ao apoio dela e do meu pai”, contou.
Vagner Duarte, que atuou como coordenador do desfile, disse que pensou em fazer o desfile de forma a homenagear todas as mulheres para que elas se sentissem acolhidas no meio tradicionalista com igualdade. “Com certeza esse desfile foi o que abrilhantou essa data tão importante para nós gaúchos e gaúchas, foi uma forma de mostrar a força das nossas mulheres”, finalizou.
* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso