EDUCAÇÃO

Dia da Consciência Negra é celebrado nos municípios da região

Na Escola Odete, personagens da Menina bonita do laço
de fita ganharam vida Foto: Divulgação TP

Celebrado no Brasil no dia 20 de novembro, o Dia Nacional da Cons­ciência Negra foi tema de atividades em diversas escolas da região de cobertura impres­sa do TP. Criado em 2003, foi incluído no calendário escolar mediante a lei nº 12.519. A ocasião é dedicada à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. Ele foi uma importante figura guerreira na história brasileira, sendo reconhecido como um dos pioneiros na resistência contra a escravi­dão. Foi o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior dos quilombos do período colonial.

Como parte do calendário escolar, o dia conta com di­versas atividades voltadas a luta contra o racismo e a igualdade entre os povos.Veja o que aconteceu em algumas escolas:

CANDIOTA Na escola Odete Lazzare Corrêa foi realizada uma encenação da história na “Menina bonita do laço de fita”. De acordo com a professora Cristiane Pereira Gonçalves, que deu vida a ideia com a ajuda das funcio­nárias Leila Machado, Bruna Silva e Giana Gonzales, o objetivo foi a conscientização de forma lúdica. “Precisamos instigar as crianças a ter res­peito por todos, independente das diferenças, pois assim como as flores, pessoas tam­bém têm diferentes cores”, expôs a professora, relatando a importante participação de alguns alunos.

Alunos da escola Santa Féparticiparam de uma atividade do clube Os Zíngaros, em Bagé Foto: Divulgação TP

Na última segun­da-feira (19), os alunos da Educação Infantil da Escola Santa Fé, do assentamento Santa Fé, foram convidados a participar da 2ª Semana da Consciência Negra promovi­da pelo Movimento Enegrece e do Clube Os Zingaros, de Bagé. Na oportunidade, os discentes apresentaram o projeto Roda de Leitura do Saci Pererê, desenvolvido pela professora Nalva Soares, onde contaram a história das “Meninas Negras”, de Madu Costa e também da “Menina bonita do laço de fita”, de Ana Maria Machado.

Para a professora Nalva, a iniciativa visa com­preender a contribuição do negro em todos os espaços da sociedade, possibilitar o desenvolvimento de valores básicos para o entendimento sobre a formação do brasilei­ro e formar sujeitos críticos, responsáveis e atuantes na sociedade. “Trouxemos o Saci Pererê para o nome do nosso projeto pela contribuição de suas histórias ao longo do ano letivo de 2018 e destacamos o papel e a importância dos ne­gros diante de toda a nossa di­versidade étnico-racial. Além disso, enquanto educadora, penso que este é um tema para ser abordado ao longo do ano letivo e não apenas em uma data específica. É um tema que faz parte da nossa histó­ria”. Com esse trabalho, os pe­quenos foram classificados na Feira de Ciências de Candiota (Feican), apresentaram-se na Unipampa e também para a comunidade escolar do assen­tamento 22 de Dezembro.

O LIVRO – Em uma adapta­ção de Ana Maria Machado, a “Menina bonita do laço de fita” conta a história de uma menina linda com olhos que pareciam duas azeitonas pre­tas, os cabelos enroladinhos e bem negros.A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva.Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita coloridas. E havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida e queria ser como ela, ter filhos daquela cor. Ele se pintou de preto, co­meu jabuticaba com base em relatos contados pela menina que não sabia por que possuía aquela cor. Em um belo dia, vendo as perguntas do coelho, a mãe da menina disse que era uma arte da avó preta que ela tinha. O coelho entendeu que as pessoas se parecem sempre com os pais, tios, avós e até com os parentes tortos e se ele queria ter uma filha pretinha e linda tinha era que procurar uma coelha preta para casar. Logo encontrou uma coelhi­nha escura como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.Casaram e tiveram uma ninhada de filhotes. Tinha coelhos de todas as co­res: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha.

PEDRAS ALTAS Na Cidade do Castelo o Dia da Consci­ência Negra foi comemorado durante um evento organizado pela Emater, Prefeitura Mu­nicipal, Secretaria de Assis­tência Social e Secretaria da Saúde para as comunidades quilombolas do município. Roda de conversa, troca de experiências, planejamento e muito trabalho marcaram esse importante dia. Na ocasião, Sérgio Dorneles da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) falou sobre Políticas Públicas; Regina Medeiros, Extencionista Técnica Social da Emater Regional Pelotas, falou sobre Seguridade So­cial; Anderson Fontoura da Emater Piratini, juntamente com as representantes do Quilombo Rincão da Faxina, falaram sobre a caminhada já realizada por eles, dificul­dades e conquistas; por fim, Rozana Moraes, Extencio­nista Social da Emater Pedras Altas coordenou a realização do Planejamento.

Menina bonita do laço de fita também encantou os alunos da escola Dalva Medeiros Foto: Divulgação TP

HULHA NEGRA Na escola Dalva Conceição Medeiros, o projeto “Educação não tem cor” contou com diversas atividades. Entre os trabalhos realizados estão uma manhã de cinema na escola com o filme “Histórias Cruzadas”, que conta uma história dos anos 60. “No Mississippi, Skeeter é uma garota da sociedade que retorna deter­minada a se tornar escritora. Ela começa a entrevistar as mulheres negras da cidade, que deixaram suas vidas para trabalhar na criação dos filhos da elite branca, da qual a própria Skeeter faz parte. Aibileen Clark, a empregada da melhor amiga de Skee­ter, é a primeira a conceder uma entrevista. Apesar das críticas, Skeeter e Aibileen continuam trabalhando juntas e, aos poucos, conseguem novas adesões”.

A Semana também contou apresentações de dan­ça afro, poesias, o conto da história da Menina bonita do laço de fita e almoço com di­reito a prato típico – feijoada – e caracterização através do uso de turbantes pela direção e professores.

Na Auta Gomes, alunos confeccionaram as bonecas “Abayomi” Foto: Divulgação TP

Já na escola Auta Gomes, a turma da profes­sora Adriana Pereira reali­zou uma oficina de bone­cas “Abayomi”, brinquedo confeccionado pelas mães de crianças negras na época da viagem da África para o Brasil. Segundo a história, no interior dos navios negreiros as crianças eram separadas das mães e ficavam choran­do. Para amenizar o sofri­mento, as mães rasgavam as vestes e faziam bonecas só de nozinhos e mandavam para as crianças, que ficavam com o cheiro e o carinho das mães. “Muito gratificante ver o entusiasmo e a criatividade dessas crianças, refletindo e problematizando um pouco da história do povo negro, ainda escravizado pelo pre­conceito. Amo meu primeiro ano”, disse a professora.

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