RESGATE HISTÓRICO

Dia da Degola será lembrado com cavalgada em Hulha Negra

Fato aconteceu no local que ficou conhecido como Lagoa da Música Foto: Divulgação TP

Nesta sexta-feira (29) é feriado em Hulha Negra. Isso porque na data, é lembrado o fim da Revolução Federalista e a Degola do Rio Negro, uma importante guerra civil acontecida na região em 1893 que, entre os fatos marcantes, teve a Degola na Lagoa da Música e deixou conhecida a figura de Adão Latorre, um maragato que lutou durante a Revolução Federalista.

Em razão disso, o CTG Lagoa da Música, que leva o nome do local onde soldados republicanos foram friamente degolados, programou a 1ª Cavalgada em homenagem ao Dia da Degola.

De acordo com um dos integrantes da patronagem do CTG, Luis Gustavo Dias, o Baixinho, “a entidade não festeja guerras, peleias ou mortes, mas pelo marco histórico que o Dia da Degola representa para a cidade, o dia de eventos surgiu”.

Conforme baixinho, a Cavalgada terá início às 9h em frente ao Clube Concórdia e sede do CTG Nativos do Rio Negro, na Trigolândia, com destino a Lagoa da Música, onde ocorreu o fato sangrento e será realizada uma missa. Logo após, o grupo se reunirá na sede do CTG Lagoa da Música, área urbana do município, para um churrasco por adesão, ao valor de R$ 20 (não sócio) e R$ 15 (sócios). Para a tarde está programado um rodeio com boi mecânico na Cancha Municipal, atrás do posto de combustíveis.

O evento tem o apoio da Prefeitura de Hulha Negra, com a limpeza e marcação da área da Lagoa da Música e cedência da Cancha para a atividade gaúcha.

A REVOLUÇÃO – A Revolução Federalista foi uma guerra civil que ocorreu no sul do Brasil após a Proclamação da República. Instalada pela crise política gerada pelos federalistas, grupo opositor que pretendia libertar o Rio Grande do Sul da governança de Júlio de Castilhos, conquistar uma maior autonomia e descentralizar o poder da então recém proclamada República. Empenharam-se em disputas sangrentas que acabaram por desencadear a luta armada, que durou de fevereiro de 1893 a agosto de 1895 e foi vencida pelos seguidores de Júlio de Castilhos.

Sob o comando de Zeca Tavares, combatentes federalistas (Maragatos) e republicanos (Pica-paus), comandados pelo general Isidoro Fernandes se enfrentaram durante sete dias às margens do Rio Negro. Relatos contam que 300 soldados republicanos foram rendidos mediante garantia de vida e contidos em uma mangueira de pedra para gado, local que ficou conhecido como “Potreiro das almas” e friamente degolados à beira da Lagoa da Música, embora os historiadores reduzam esse número a trinta.

Comenta-se que a degola do Rio Negro foi muito mais uma desforra de Zeca Tavares, contra Maneco Pedroso, outro proprietário rural que antes havia invadido sua propriedade e lhe deixado sobre sua cadeira uma cabeça de porco e um bilhete: “Tua cabeça será minha”.

Diz à tradição que entre os degolados encontrava-se um rapaz tocador de clarim da sua tropa e que mesmo depois de receber o corte no pescoço, ainda encontrou forças para correr até a lagoa levando seu instrumento musical e desaparecendo nas águas escuras. A lenda assevera que até hoje o soldado morto gosta de tocar o seu clarim nas noites de lua cheia, o que acabou dando à lagoa a fama de um lugar mágico, assombrado, de onde saem notas musicais que ninguém consegue explicar, assim como seu nome: Lagoa da Música.

ADÃO LATORRE – O tenente-coronel Adão Latorre foi um militar brasileiro, revolucionário maragato que lutou na Revolução Federalista.
Nasceu em 1835, no departamento de Rivera, Cerro Chato. Aos 16 anos já era cabo e em novembro de 1881, sargento-major. Com um casal de filhos, mudou-se para Olhos d´Água, em Bagé, para trabalhar nos campos dos Tavares. Com ele vem alguns correntinos, peões que depois se tornaram um piquete de lutadores, juntando-se aos maragatos na Revolução Federalista.

Adão Latorre Foto: Divulgação TP

A fama de Adão Latorre começa, quando sob o comando de Zeca Tavares, Maragatos e Pica-paus, comandados pelo general Isidoro Fernandes se enfrentaram ferozmente durante sete dias, às margens do Rio Negro, que resultou na degola dos republicanos.

Ele morreu aos 88 anos, fuzilado no dia 15 de maio durante a Revolução de 1923, no combate do Santa Maria Chico, em Dom Pedrito, após sofrer emboscada dos capangas do major Antero Pedroso, irmão do coronel Manoel Pedroso.

Comentários do Facebook