INCLUSÃO

Durante audiência pública em Candiota, estudantes apresentam robô criado para auxiliar crianças com autismo

Depois da criação do robô, o autismo acabou virando tema de audiência pública Foto: Divulgação TP

Que tal um robô para auxiliar no desenvol­vimento de crianças com autismo? Foi isso que pensou um grupo de estudantes do 2º ano do Ensino Médio da escola Jerônimo Mércio da Silveira, de Can­diota. Nesta terça-feira (6), na Câmara de Vereadores, o projeto foi apresentado durante uma audiência pú­blica que abordou o tema. A reunião foi organizada pelos próprios alunos, com auxílio da direção e professores e apoio do gabinete do verea­dor Fabrício Moraes (MDB).

Durante a audiência, que contou com a presença de profissionais da área da Saúde, representantes do Centro de Reabilitação e Apoio (CRA) de Candiota e comunidade em geral – muitos deles pais de autistas, Andrielle Pereira (17 anos), Daiana Lopes e Thayluan de Carvalho (ambos com 16 anos) apresentaram o robô Starbust Luna. O trabalho é orientado pela docente Mandi Bustamante.

Para Fabrício Moraes (MDB), o Bibi, a atividade foi extremamente provei­tosa. Em maio deste ano, o parlamentar teve uma lei de sua autoria sancionada ga­rantindo que autistas tenham atendimento preferencial em estabelecimentos públicos e privados de Candiota. “Foi realmente esclarecedor, o grupo estava muito bem preparado e com um vasto conhecimento sobre o as­sunto. Ficamos imensamente agradecidos já que também estamos engajados neste tema e parabenizamos a escola e, principalmente, os alunos que tiveram essa bri­lhante ideia – a qual nasceu em uma Feira de Ciências, mas com um propósito muito maior”, declarou.

Para participar da Feira de Ciências, o grupo desenvolveu o robô Starbust Luna Foto: Divulgação TP

SAIBA MAIS Na quarta­-feira (7), entusiasmados e orgulhosos do trabalho apresentado, os jovens visi­taram a redação do Tribuna do Pampa para contar um pouco mais sobre a inicia­tiva – que começou como uma proposta para a Feira de Ciência e acabou tomando dimensões inimagináveis. “Naquela vez, no ano passa­do ainda, a professora disse que poderíamos fazer algo sobre o meio ambiente ou para um público específico e apresentar durante a Feira de Ciências. A maioria ia fazer qualquer coisa mais para ganhar nota, mas a nossa vontade era fazer algo por alguém”, contaram.

Segundo Daiana, a realidade de dois primos autistas que moram em Bra­sília/DF a fez vislumbrar um projeto para auxiliar no desenvolvimento desse público. “O autismo é um transtorno muito complexo e através das oficinas de robó­tica pensamos que um robô, devidamente programado, poderia ajudar na interação dessas crianças e foi isso que fizemos”, explicou. A escola Jerônimo Mércio da Silveira oferece, duas vezes por se­mana, aulas de robótica sob a coordenação do professor Luiz Antônio Dworakowski.

Questionados como se daria o funcionamento e às adequações do novo compa­nheiro dos autistas, Thayluan tomou a palavra e esclareceu. “É tudo programado. Cada caso vai ser tratado de forma específica, porque o autismo acontece em diversos graus, então um robô pode ensinar o alfabeto, outro os números e até mesmo palavras. Tudo de acordo com as características da criança e a sua necessida­de”, disse.

Conforme afirmou o grupo, que contou com o auxílio de fonoaudiólogas e psicólogas durante o de­senvolvimento da pesquisa, a intenção é melhorar ainda mais a execução do projeto. “Precisamos ainda progra­mar os telefones dos pais com o funcionamento dos robôs. Além disso, nossa ideia é levar para outras pessoas essa oportunidade. Queremos agora visitar ou­tras escolas e instituições que atendam esse público, queremos ajudar de alguma forma”, falou Andrielle.

O próximo passo do grupo de jovens talentos da Ciência, é a segunda etapa da feira que está marcada para o dia 21 de agosto. Em caso de classificação, eles apresentam o Starbust Luna na Universidade Federal do Pampa (Unipampa), em Bagé. Diante da expectati­va, vontade e determinação parece que facilmente eles chegarão lá.

COLABORE Conforme contaram para a reportagem, para montar outros robôs será necessário auxílio fi­nanceiro para aquisição do material. “A ideia é fazermos vários robôs pensando nas características de cada autis­ta. Como eles são programa­dos a partir da necessidade de cada um, nós precisamos comprar materiais e conta­mos com a ajuda da popula­ção”, registraram.

Além disso, co­nhecimento técnico para aperfeiçoar a ideia também é muito bem-vindo. Para mais informações de como colaborar basta entrar em contato pelos telefones (53) 99950-4888 ou 3245-7324.

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