A democracia exige sacrifícios. Viver nela é comparável a educação de filhos e filhas. Dá muito trabalho e é uma responsabilidade exclusiva dos pais e mães. Aliás, se negligenciarem, alguém vai educar do seu jeito ou talvez deseducar.
Assim é na democracia, tanto representativa como participativa. Exige que haja esforços e sacrifícios de todos e todas. Não pode se transferir responsabilidades num regime democrático. Ao mesmo tempo, no poder do povo, como definiram os gregos, há pesos e contrapesos, controles efetivos para evitar ou atenuar desmandos.
Quem se diz contra a corrupção, precisa ser um democrata até a raiz dos cabelos, pois é somente num regime de liberdade de expressão, de imprensa e de livre investigação que os ‘podres’ aparecem. Em regimes de exceção e onde apenas poucos têm a palavra final, a possibilidade de o tapete ficar atulhado por debaixo é infinitamente maior. Os exemplos na história são gigantescos.
Quem defende regimes autoritários e ditatoriais, no fundo está defendendo, muitas vezes sem querer, sistemas que permitam a corrupção desenfreada, que ninguém saiba. Todos os escândalos de corrupção do planeta até hoje, só foram descobertos porque há liberdade em denunciá-los. Nos regimes despóticos, a chance de alguém denunciar sem perder a ‘cabeça’ é muito grande. Portanto, há contradição até filosófica em defender ditadura e ser contra a corrupção.
No regime democrático, que alguns talvez não estejam acostumados, as denúncias de mal feitos vêm à tona. E aí, por suposto, que a sensação de que tudo está uma bagunça e a roubalheira toma conta, parecem ser maiores, mas é exatamente ao contrário. É neste cenário que surgem, como agora, os golpistas para proporem saídas antidemocráticas e arbitrárias. Por certo e já houve reações, que o povo brasileiro não cairá neste canto de sereia novamente.