Editorial – Para perpetuar o legado de Assis Brasil

Foi ali, na grandiosa biblioteca, que Joaquim Francisco Assis Brasil, como ótimo diplomata que era, reuniu chimangos (liderados por Borges de Medeiros) e maragatos (liderados por ele) para assinar a paz na Revolução de 1923. O chamado Pacto de Pedras Altas, assinado em 14 de dezembro de 1923, pacificou o Rio Grande do Sul.
Só por este fato histórico, o Castelo de Pedras Altas já ganha uma grande importância. Contudo, o visionário Assis Brasil, ao fincar pé na região – que o encantou quando passou em uma viagem de trem no início do século 20 -, fez da Granja de Pedras Altas um local de grande desenvolvimento da agropecuária brasileira.
Foi ali que começou as raças Devon e Jersey no Brasil, entre outras experiências. Muitos classificam o local como o templo do agronegócio brasileiro. Ele é o autor do livro intitulado “A Cultura dos Campos”, publicado em 1898, que é considerado um marco para o setor.
Além do mais, Assis Brasil é o pai da Justiça Eleitoral do nosso país, tendo escrito o primeiro Código Eleitoral. Sem falar na descomunal biblioteca que abriga raridades como os 22 volumes da enciclopédia de Diderot e D’Alambert, de 1751. Por fim, o Castelo traz uma linda história de amor, de Joaquim por Lídia de São Mamede, que por ela ergue a fortaleza de 44 cômodos em meio à imensidão do Pampa gaúcho.
Prestes a completar 110 anos, parece que a construção ganhará enfim o destino quiçá sonhado por Assis Brasil. Os 18 herdeiros estão num misto de tristeza e alegria, mas o importante é que vão conseguir sustentar o legado do avô e bisavô. A impossibilidade era uma espécie de fardo muito pesado para eles carregarem.
A probabilidade de venda, que jamais esteve tão próxima, é uma janela de esperança, pois deverá garantir a conservação, bem como proporcionar que as pessoas possam visitar o local mágico, que além de perpetuar o legado do legendário Assis Brasil, vai fomentar o turismo e ajudar a projetar a nossa região para muito além, como sonhou o valoroso Joaquim.

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