Esconderijos do tempo

Esta semana estive em um aniversário num bar de Porto Alegre e me fizeram cantar e tocar. É uma das coisas difíceis que tenho de fazer de vez em quando. É que o violão não sai no som nem parecido com o meu e a minha voz o retorno distorce. Então sempre acho que estou fazendo fiasco e normalmente estou.
Fui buscar o repertório nos esconderijos do tempo, como escreveu certa vez Mário Quintana. Meu repertório é qualificado, mas nem todos gostam. Passo pelos clássicos da música popular brasileira.
Um repertório que contém:
“Ah! Se a juventude que esta brisa canta
Ficasse aqui, comigo, mais um pouco”.
Eu e a brisa – Johnny Alf

Dia desses observei que minha filha, que tem 23 anos, gosta de bossa nova, alguém observou:
– Filho de velho sempre gosta!

“Que me perdoem se eu insisto neste tema
Mas não sei fazer poema ou canção
Que fale de outra coisa que não seja o amor”.
Você abusou – Antônio Carlos e Jocafi
Nossa! Esta ainda fala em quadradismo e cafonice. Além do mais fala de abuso, será que vão pensar que usaram e abusaram de mim? Bem, não chega a ser ruim.
Algum mais jovem, por gosto ou de sacana vai pedir: – canta mais uma, daquelas… Quer dizer, do tempo antigo. Canto.

“Ando escravo da alegria,
E hoje em dia, minha gente, isto não é normal.
Se o amor é fantasia,
Eu me encontro, ultimamente,
Em pleno carnaval”.
Escravo da Alegria – Toquinho e Mutinho
Desta vez cantei “Estão voltando as Flores”, que Emílio Santiago cantava, “Travessuras” de Oswaldo Montenegro e “Sofá de dois” de Bernardo Canto, que coloca umas “de casa” no YouTube.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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