Estarei velho?

Idoso eu estou. Com 65 anos não há como questionar que posso usar a vaga de idoso sem problema algum.  Mas idoso é uma questão técnica, se estabeleceu uma idade onde alguém passa a ser idoso.

Velho é outra coisa. Há momentos em que eu não tenho dúvidas, além de idoso, estou velho. Como o conceito de “velho” é muito relativo, até pouco tempo eu brincava com uma tirada do Radicci que dizia, vendendo automóvel, que o carro era que nem ele, “com larga quilometragem, mas em estado de novo”. Acho que estou com larga quilometragem e em estado de velho física e mentalmente.

E não é que quanto mais a gente pensa que viu algumas coisas, descobre que muitas ainda não viu. Bruno Tutida Nascimento é o nome da “drag queen” Aretuza Lovi que anda cantando por aí uma “pérola” chamada “Batcu”. Inclusive em evento do Ministério da Saúde.  Se você por curiosidade ainda não viu, a performance é uma coisa tão horrorosa quanto a letra, “Você não acreditou/Quando eu falei pra tu/Que o corpo nunca para/Quando toca, toca, toca o batcu”. Uma preciosidade. Para jovens imbecis. Para velhos que nem eu…

Velho é um “mala”. Que seja. Mas quanto mais velho eu fico mais me dou conta de que há o que é belo e há o que é uma aberração. Nestes anos recentes se patrulhou como nunca. Tudo é preconceito. Eu digo “aberração” e alguém vai dizer “é preconceito”. Digam, fiquem à vontade.

Tenho até receio de me aproximar de uma mulher “com boas intenções” e ela sair gritante “assédio sexual”.

As mulheres nunca exigiram tanto serem tratadas com respeito. Porém, estão em evidência as que dão pra qualquer um, as Genis como na canção de Chico Buarque. O mais interessante é que para ficarem em evidência as criaturas se esforçam para estarem sempre envolvidas em escândalos. Um espetáculo a cada dia. Teve uma que diz que pegou 32 num final de semana. Em algum site “adulto” entraria onde, loira, morena, ruiva, asiática, buraco?

Estou velho. Falso moralista inclusive. Os velhos não raramente são falsos moralistas. A maior mentira que eu ouço é algumas mães dizendo para as filhas, “No meu tempo não era assim”. Era, só não se fazia propaganda. Nem a rodagem era tanta. Mas dizia uma canção antiga “Que no es lo mismo/Pero es igual”.

Eu não sou evangélico, não faço discursos preconceituosos, nunca frequentei ambientes onde as “drag queen” frequentam. Cada um que seja o que quiser, desde que não me incomode. Porém, a promiscuidade não pode ser vista como algo razoável. A promiscuidade é também uma questão de saúde pública. Doenças como a AIDS não foram embora, continuam por aí, com controle para que as pessoas não morram, mas com custo de tratamento.

Agora, quem acha que a coreografia de Batcu é novidade é porque não viu a apresentação de Anitta e suas bailarinas na final da Libertadores da América em Montevideo. Porém, criticar as bundas que Anitta apresentou é mais complicado que dizer algo desabonador do recavém de Aretuza Lovi.

Dia 12 é feriado em homenagem à padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, também é dia das crianças, e eu aqui pensando: – Estarei velho?

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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