ELEIÇÕES 2022

Ex-prefeito de Rio Grande visita Candiota para lançar pré-candidatura a deputado federal

Entusiasta do Polo Naval e da indústria nacional, Alexandre Lindenmeyer também defende a utilização do carvão mineral

Alexandre Lindenmeyer (PT), governou Rio Grande de 2012 a 2020 Foto: Silvana Antunes/Especial TP

O ex-prefeito de Rio Grande por dois mandatos seguidos (2012-2020), Alexandre Lindenmeyer (PT), visitou esta semana Candiota, quando também esteve na redação do jornal Tribuna do Pampa. Aos 58 anos, o advogado de formação e que já foi vereador e deputado estadual, agora busca uma cadeira na Câmara Federal dos Deputados.

Como visto, com larga experiência política, Lindenmeyer é pré-candidato também porque o atual deputado federal gaúcho por seis mandatos seguidos, Henrique Fontana e que sempre foi apoiado por ele, decidiu não mais concorrer.

Indagado das razões que levam a lançar a pré-candidatura, o ex-prefeito citou o fato da decisão de Fontana em não mais concorrer como preponderante, contudo fez uma análise conjuntural da necessidade, segundo ele, de eleger deputados federais que possam dar sustentação ao projeto de um futuro governo de Lula, caso ele vença pela terceira vez as eleições para a presidência da República, conforme apontam as pesquisas até o momento. “A nossa região pode ter uma representação do campo democrático e popular, principalmente depois do que vimos após a derrubada da presidente Dilma (Rousseff), quando todo um conjunto de políticas de desenvolvimento de Nação sofreu um revés. Ficando apenas nos investimentos de energia, indústria naval e de óleo e gás, vivenciamos na região crescimentos acima de 10% ao ano. Passado isso, não só na região, mas em todo o Brasil, o que vimos foi desemprego, a fome e a miséria voltando, as políticas de habitação desaparecendo. Neste contexto, a representação na Câmara Federal se torna estratégica para que possamos enxergar as demandas da nossa região, mas também para darmos sustentação ao que esperamos que seja o próximo governo do presidente Lula, para que possamos vivenciar novamente um Estado de bem estar social. Precisamos renovar a esperança do povo”, assinala.

O político lembra ações como a construção de parques eólicos, a Fase C da Usina de Candiota, o Polo Naval, a criação da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), entre tantas outras iniciativas de infraestrutura que hoje não há nada nem próximo disso. “Entendo que o presidente Lula irá precisar de uma boa bancada no Congresso Nacional para reverter toda esta estagnação e perda de conquistas. Essas são as razões, entre outras, para apresentarmos nosso nome como pré-candidato”, destacou.

POLO NAVAL – O ex-prefeito dirigiu a cidade de Rio Grande no auge e na decadência do Polo Naval. Ele relatou essa experiência e acredita que a indústria possa ser retomada, gerando emprego, renda e divisas para a região, o RS e o Brasil. “Havia uma política na época, de desenvolvimento nas mais variadas áreas e elas refletiam na nossa região de forma muito virtuosa. Entre elas estava a indústria naval, que se inseria numa política estratégica, que se conectava com a indústria de óleo e gás. A partir do momento que descobrimos o pré-sal, passamos de 14º para o 4º maior produtor mundial de petróleo e isso gera uma demanda para a extração. Para isso são necessários equipamentos e naquele momento ao invés de se optar como hoje em produzi-los no estrangeiro, se optou por produzir aqui, gerando muitos dividendos, entre eles emprego e renda, além de tecnologia”, destaca ele.

Alexandre acredita na retomada desse processo, lembrando que Rio Grande e São José do Norte foram responsáveis pela construção de plataformas que extraem hoje ao menos 60% do petróleo do pré-sal e chegou a ter 24 mil postos de trabalho. “Aí chegamos na discussão, ah, mas tem corrupção. Sou da vertente que se tem alegação de corrupção, se apura, pune e responsabiliza, mas que não se destrua a indústria, as empresas. O que foi feito no Brasil, se destruiu, a despeito das denúncias de corrupção, grande parte da indústria naval e da construção civil. Algo que era referência aqui e lá fora, foi criminalizado e hoje a Petrobras contrata empresas estrangeiras para construir plataformas e navios”, aponta.

Neste sentido, ele critica o fato do país ter sua economia baseada apenas em commodities e matéria-prima, com índices da participação industrial no Produto Interno Bruto (PIB) na casa de 11% – o menor desde 1930. “Isso é um retrocesso”, evidencia.

Ele destaca que o Polo Naval de Rio Grande cumpriu um papel estratégico e ainda tem a possibilidade de dar sequência, lembrando que há dois estaleiros em funcionamento. “Um deles tem o segundo maior dique seco do mundo, com 17m de profundidade, 310m de cumprimento e 110 de largura. Ele permite construir simultaneamente quatro navios. Isso não está perdido”, defende.

CARVÃO – Indagado sobre o carvão mineral, o ex-prefeito não fugiu ou usou meias-palavras, saindo na defesa do uso do ativo, que tem em Candiota a maior reserva nacional. “O Brasil tem várias alternativas de geração de energia e o RS é um grande importador. Eu não tenho dúvida nenhuma de que não há espaço para desconsiderarmos a energia vinda do carvão como uma alternativa importante, principalmente porque as novas tecnologias diminuem de forma significativa os impactos ambientais, que, aliás, todas as formas de geração de energia causam”, afirmou.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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