Segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última semana, mais de 54% da população de Bagé reside em locais sem qualquer tipo de pavimento. Isso posiciona a nossa Rainha da Fronteira – polo regional, como a quarta concentração urbana do Brasil com maior número de moradores enfrentando essa realidade. De acordo com o levantamento, o índice exato é de 54,29% da população vivendo em ruas de chão batido.
O IBGE considera como ‘concentração urbana’ os municípios, agrupados ou isolados, com mais de 100 mil habitantes. Na prática, isso significa que mais da metade dos moradores bageenses convivem diariamente com poeira, barro e acessos precários. Além de Bagé, outras três cidades gaúchas figuram entre as 10 piores concentrações urbanas do país neste quesito: Uruguaiana, Rio Grande e Pelotas. O dado revela a dura realidade da infraestrutura na Metade Sul do Rio Grande do Sul, uma região marcada por baixos indicadores sociais e investimentos públicos limitados, conforme apontam estudos do próprio IBGE.
Em nota enviada à imprensa, a Prefeitura de Bagé reconheceu as falhas históricas na infraestrutura urbana, atribuindo o cenário a fatores estruturais e econômicos regionais.
“Não é possível pensar avanços sociais e econômicos para a região, sem a indústria do carbono, portanto é impensável sua desativação, e claro, sem outras tantas medidas que urgem há tempos e que sempre ficam apenas na retórica, nos planos e projetos.”
O dado revelado pelo IBGE é assustador, mas ao mesmo tempo escancara uma realidade bem difícil que a região historicamente atravessa. É uma espécie de nosso retrato em relação ao desenvolvimento, pois as cidades-polos, especialmente Bagé, mostrando esses índices, mesmo que recortado apenas na pavimentação, nos dá a dimensão dos desafios a serem enfrentados.
Neste sentido, que o fim – que parece próximo e nos causa tanta angústia -, das atividades da indústria do carvão mineral em Candiota e esses dados se entrelaçam. O polo industrial candiotense, como aqui já citado várias vezes, é o único entre Uruguaiana e Pelotas. Isso também dá um indicador claro de nosso nível de desenvolvimento.
Não é possível pensar avanços sociais e econômicos para a região, sem a indústria do carbono, portanto é impensável sua desativação, e claro, sem outras tantas medidas que urgem há tempos e que sempre ficam apenas na retórica, nos planos e projetos.
Assim, nossas lideranças políticas e comunitárias não podem e não devem ocultar nossas imensas dificuldades, pois somente quando se reconhece os problemas é que as soluções aparecem. Como um viciado que não reconhece o vício, jamais poderá sair dele.