EMPODERAMENTO

Lugar de mulher: jovem assume como capataz em fazenda de Pedras Altas

Ela conta ter aprendido tudo que sabe com pai que também é capataz de uma fazenda

Marina é capataz da estância Morada Flor de Liz, de 280 hectares em Pedras Altas Foto: Divulgação TP

Com apenas 18 anos, Marina Veleda, é um exemplo claro de que a mulher é capaz de fazer o que gostar e quiser. Isso, porque ela é capataz da estância Morada Flor de Liz, de 280 hectares em Pedras Altas, que tem como proprietária também uma mulher, Márcia Martins. Cuidar do campo, dos animais e ser responsável pela propriedade estão dentro das atribuições da Marina.

Segundo a jovem, em entrevista ao Tribuna do Pampa, desde pequena sempre gostou de atuar na área do campo. “Meu pai é capataz de uma estância e também produtor rural, então sempre tive esse incentivo dele, tudo que aprendi foi com meu pai”, relatou ao contar que também pretende fazer medicina veterinária e seguir trabalhando na área.

A proprietária, Márcia Martins, de 53 anos, casada com Giovani Friedrich é administradora de empresas e possui duas filhas. Segundo Márcia, ela sempre foi ligada ao meio rural. “Sou uma apaixonada pela criação de gado e por cavalos, infelizmente meu pai teve que se desfazer da nossa fazenda em tempos muito difíceis, mas eu nunca perdi o contato com o campo”, contou.

Márcia ainda relatou que sempre teve como objetivo ser uma pecuarista, foi então que em 2010 surgiu a oportunidade para ela arrendar 150 hectares em Pedras Altas. “Propriedade essa que em 2012 acabei comprando parte dela e assim desde então administro a pecuária e me dedico na produção de terneiros em semi confinamento e ovinos, hoje trabalho em 280 hectares”, comentou.

Márcia e Marina lado a lado no desfile de 20 de setembro Foto: Divulgação TP

CONTRATAÇÃO – Quanto à Marina, a pecuarista lembrou conhecer a jovem desde que nasceu. “Sempre fui muito amiga de seu pai e minha propriedade é perto de onde eles moram. Tanto ela, como seu pai sempre nos ajudaram quando precisamos e a Marina sempre me chamou atenção pelo seu conhecimento na lida campeira, sempre interessada em tudo”, pontuou.

Ela conta ainda que seu antigo capataz, depois de 12 anos de trabalho na propriedade, resolveu colocar seu próprio negócio. “Então surgiram alguns nomes para ficar em seu lugar, mas quando seu Paulinho (pai da Marina) foi me dizer que ela gostaria de trabalhar comigo, não tive dúvida, imediatamente confirmei a ele que o emprego era dela”, contou.

Márcia relata que apesar da Marina ser muito jovem ainda, ela sabe muito da lida campeira, tanto no gado, como com ovelhas. “Tenho total confiança em sua capacidade e por esse motivo ela já assumiu comigo como capataz. Quando ela precisa de alguém para ajudá-la chamamos um diarista, mas quem manda aqui é ela”, afirmou.

Por fim, Márcia ainda afirma que para ela, Marina é um dos maiores exemplos de que as mulheres podem fazer tudo que elas quiserem. “Pois esse serviço é praticamente exercido por homens, pois muitas vezes é preciso força e coragem, mas ela não se intimida e isso é motivo de grande orgulho pra mim. Estou feliz em poder tê-la ao meu lado, sei que faremos uma grande parceria” concluiu.

Marina faz toda lida de campo Foto: Divulgação TP

ROTINA – Sua jornada inicia às 7h, quando alimenta os animais. “Temos um cavalo que fica encerrado na cocheira e os terneiros que ficam no cocho por um determinado tempo, para fazer o manejo para ganho de peso. Logo após faço a limpeza na cocheira, encilho o cavalo e saio para a lida do campo”, contou.

À tarde, Marina inicia as atividades às 13h, fazendo a lida no campo novamente, pois a estância conta com aproximadamente 150 bovinos e 80 ovinos. “Chego mais cedo em casa, para fazer as voltas necessárias e fazer a alimentação novamente”, relatou.

Nas horas vagas, a jovem costuma tomar chimarrão e ler livros referentes à pecuária, já aos finais de semana encontra o namorado. “Estou sempre procurando aprender coisas novas e aos finais de semana também ajudo meu pai a cuidar do que é nosso, como ele também é produtor rural”, contou.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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