Missa de acolhida já aconteceu para apresentação de frei Tiago Foto: Divulgação TP
As paróquias Sagrado Coração de Jesus, de Candiota, e São José, de Hulha Negra, já acolheram o frei Tiago Roberto Frey. Natural de Três Passos, cidade conhecida como a capital da região Celeiro, no noroeste do Estado, a chegada de frei Tiago ocorreu após o início do novo capítulo provincial e a transferência de frei César Machado para a cidade de Agudo.
Em visita ao jornal Tribuna do Pampa para apresentação, frei Tiago disse que anúncio dos municípios foi uma surpresa, um desafio. Segundo ele, isso aconteceu por já estar habituado em um lugar, uma paróquia, características, trabalho e, por ser próximo dos pais e familiares. O frei, porém, disse ver os municípios com um grande potencial. “Aqui é uma cultura diferente. Vejo como municípios que tem um grande potencial, mas temos que despertar isso na mente das pessoas para tornarmos nossas cidades melhores do que já são. Hoje, são municípios de paz, talvez quem reside não enxergue dessa forma, mas é. Muito bom pra mim estar aqui, pois de tempos em tempos precisamos de lugar de paz e serenidade. Me identifiquei com essa tranquilidade, é um lugar de segurança, pra mim que venho de fora é um paraíso”, afirmou frei Tiago.
AS COMUNIDADES – Questionado a avaliar as comunidades de forma religiosa, frei Tiago diz que ter percebido que toda região Sul possui uma religiosidade bastante diferente, como se Deus se manifestasse um pouco diferente. “Contato com Deus é diferente, mas Deus está aqui”. O franciscano também falou do trabalho a ser realizado nas comunidades dos dois municípios ao lado de frei Rinaldo. “Precisamos e pretendemos intensificar o trabalho de visitas as famílias, estar próximo, entender as famílias, abençoar os locais onde as pessoas estão. Nosso papel enquanto freis franciscanos é ouvir, espalhar misericórdia, paz e amor, primando Cada vez mais primar pela aproximação com a comunidade, para que a igreja seja lugar que a pessoa pode se sentir acolhida”, expôs.
O frei também elencou um segundo trabalho – chamar as pessoas a participarem da comunidade. “Precisamos quebrar a questão ‘eu e Deus apenas’. O povo se salva na comunidade, precisamos resgatar a convivência, o trabalho comunitário, o ser solidário e dizer que tem uma Casa de Deus, que tem lugar aqui em Candiota e Hulha Negra. É importante a pessoa se encontrar com Deus, mas tem lugar pra isso que é a igreja. A Casa de Deus está também na igreja, nós somos a igreja, não são apenas os freis, todos somos igreja através do batismo”, já convidando a comunidade a participar de celebrações e festas dos padroeiros.
A trajetória religiosa de frei Tiago
Frei Tiago Frey vai atuar junto com frei Rinaldo em Candiota e Hulha Negra Foto: Silvana Antunes TP
Natural de um município que possui história marcada pela presença de freis em nomes de bairros e parque, o franciscano de 29 anos, gremista, apaixonado por futebol e pescaria, começou a perceber a vocação por volta dos 13 anos quando ainda estava no período da catequese.
Filho de pais participantes ativos da comunidade São Cristóvão, na cidade de Três Passos, frei Tiago Roberto Frey, convivia com jovens seminaristas e começou a observar a alegria e disposição com que os jovens retornavam para suas casas. O estudante como todos os outros garotos da sua idade, aplicado nos estudos e locutor de rádio escolar, a convite de um dos freis, resolver conhecer o Seminário. “Conheci e o que me impressionou foi a grandiosidade do prédio, jogamos futebol e essa questão foi sendo amadurecida. Aos 15 anos, fui fazer estágio no Seminário, porque todos são candidatos, mas nem todos são aptos a entrar. Tem que ser uma pessoa idônea, com qualidades, valores, acreditar em Deus, ser católico. Foi um período muito bom, momentos de oração, lazer, onde tive a certeza que era o que de fato eu queria para minha vida. Morri para um lado para nascer para outro, na vida de luz, de Deus, vida de São Francisco”, relata.
SEMINÁRIO – No Seminário, Tiago Roberto Frey permaneceu por três anos quando ocorreu a ruptura com sua cidade de origem, em 2008, mudando-se para Arroio do Meio. Conforme ele contou ao TP, foi “um ano muito bom de discernimento, crise, mas momento para ver o melhor caminho naquele momento. Tudo aconteceu dentro do seu tempo e isso me tornou a pessoa que sou hoje”.
A partir daí entrava o período de postulantado – etapa de ser candidato a frei franciscano – com uma vida de oração e trabalho em meio turno fora do Seminário. “Foi uma etapa bastante importante, ajudei na construção de uma olaria para me manter no Seminário”, conta.
NOVICIADO – A etapa em que de fato passou a carregar o título de frei, para ele foi um tempo de encontro com Deus. “Foi um ano muito corrido em Imigrante, no Convento São Boaventura, um lugar belo no Vale do Taquari para ter contato contigo mesmo. Íamos para as montanhas, líamos a palavra de Deus, realizamos trabalhos internos. Todo lugar transpira Deus, um lugar sagrado onde recebiam diariamente muitas pessoas que precisavam se encontrar. Lá também participamos da encenação da Paixão de Cristo, antes da Páscoa, no morro do convento”, detalha o frei.
ESTUDOS – Após aprovado no noviciado, frei Tiago recebeu o hábito marrom por um ano e em 2010, iniciou os estudos de curso superior em Filosofia na Pontifícia Universidade Católica (PUC), em Porto Alegre, Integrando a primeira turma a cursar de forma integral na PUC Central.
Depois da faculdade, mudou-se para a cidade de Progresso, ainda como frei professo temporário, quando também participou da Comissão da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro.
Foi ordenado diácono e cursou Teologia em Porto Alegre, na Estef, e residiu em Gravataí, em 2017. Após a Teologia começou a missão, quando frei Tiago foi encaminhado para Horizontina, onde permaneceu nos anos de 2018 e 2019. A ordenação como padre ocorreu em 7 de abril de 2018, em Três Passos.
