TREVO DE TRAGÉDIAS

Morte de ‘João da Van’ reacende debate sobre trevo em Candiota

O motorista faleceu após se acidentar no trevo da Vila Operária, pela BR-293. Vereadores propõem mobilização para mudanças no local

Uma mobilização está sendo preparada para tentar sensibilizar as autoridades para no mínimo ser instaladas lombadas eletrônicas no local Foto: Elqui Cappua/Especial TP

Faleceu na manhã da última segunda-feira (25), após lutar intensamente pela vida durante 26 longos dias, o motorista candiotense João Batista Soares Rodrigues, 52 anos. Ele sofreu um grave acidente no início da noite do último dia 30 de junho, no trevo da Vila Operária, na BR-293, em Candiota.

A van dirigida por João, colidiu violentamente com uma caminhonete, sendo que ele ficou gravemente ferido. Durante esses 26 dias, ele ficou na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da Santa Casa de Caridade de Bagé. Nesse período, a comunidade local, que tinha um carinho muito especial por João, realizou orações e também um bingo, que lotou o CTG Luiz Chirivino, na semana passada, com o objetivo de arrecadar recursos para custear o seu tratamento.

João Batista ou simplesmente e carinhosamente o ‘João da Van’, como muitos o chamavam, era de uma família tradicional de Candiota. Ele trabalhou durante muito tempo como frentista no Posto do Nico e ali cativou as pessoas com sua simplicidade e atendimento. Depois, já com o serviço de transportes, ele levou, durante anos, trabalhadores e pequenos estudantes diariamente aos seus destinos. O corpo foi velado sob forte comoção na Capela Municipal e sepultado no fim da tarde de segunda no Cemitério Municipal, acompanhado por uma pequena multidão. João Batista deixou a esposa Adriana, o filho Gustavo e a filha Adriele, além da neta Helena.

João Batista tinha 52 anos Foto: Divulgação TP

PROBLEMA ANTIGO – A perda de uma pessoa tão querida pela comunidade reacendeu na cidade um debate muito antigo sobre a conformação do trevo da Vila Operária. O local já sofreu modificações, entretanto os acidentes com feridos graves e mortes não pararam. A mudança feita pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) surtiu algum efeito, porém não foi o suficiente.

Vários vereadores e vereadores ao longo do tempo, bem como prefeitos, têm gestionado junto ao governo federal, que é o responsável pela via, para que no mínimo se instale lombadas eletrônicas nas imediações ou algum dispositivo que faça a velocidade ser diminuída no trecho. Entretanto, jamais foram ouvidos.

Ao longo da BR-293, entre Bagé e Pelotas, além do trevo da Operária, que é a situação mais grave, porque no local há um cruzamento, a entrada de Hulha Negra, os dois trevos de entrada de Pinheiro Machado e o acesso a Piratini também merecem atenção das autoridades.

Grave acidente ocorrido no último dia 30 de junho resultou na morte de uma pessoa muito querida na comunidade, o João da Van Foto: Débora Cappua/Especial TP

MOBILIZAÇÃO – Durante a sessão da Câmara de Candiota nesta segunda, logo após o sepultamento do saudoso ‘João da Van’, vários parlamentares que usaram a tribuna se referiram a perda dele e a necessidade urgente de uma ação no trevo, lembrando as negativas do Dnit sobre ao assunto ao longo do tempo.

O vereador Guilherme Barão (PDT) afirmou que a situação é insustentável e propõe uma mobilização de paralisação no local. “Desde 2010 que se trata deste trevo e a indignação é tão grande que agora tem que mobilizar e fechar. Se tivemos coragem de fechar a ponte do Guaíba pelo carvão (ato realizado em 2011), imagina se não vamos trancar este trevo”, convocou, lembrando que já foi mais de 10 vezes ao Dnit e ele e o vereador Gildo estiveram até na Polícia Rodoviária Federal (PRF), assim como outros vereadores já se movimentaram no passado. “Se não fizermos uma ação dessas, mais vidas serão ceifadas nesse trevo”, disse.

O vereador Adriano Revelante (MDB) salientou a luta de todos pelas mudanças no local. “Mais do que nunca devemos seguir nesta luta”, asseverou.
Lembrando que João faleceu no dia do motorista, a vereadora Luana Vais (PT), que também se somou a outros tantos pedidos já protocolados no Dnit para mudanças, assinalou que mais um amigo foi perdido nesse trevo. Concordando com Guilherme, a parlamentar entende que a ação precisa ser mais pesada daqui para frente.

A vereadora Hulda Alves (MDB) lembrou que foi colega de escola de João, assinalando a perda de mais uma vida no trecho e reforçando a luta por modificações.

O vereador Dinossane Pech (PTB) foi na mesma direção de Guilherme, entendendo que é preciso tomar providências rápidas, além de pedidos ao Dnit, como ele próprio também já fez. “Se vê muitos medidores de velocidade em locais aleatórios e aqui que precisa não tem. Não sei como não se sensibilizam. São vidas que estamos perdendo. Só falar não resolve, precisamos ser mais duros”, assinala.

Na análise do vereador Gildo Feijó (MDB), se tivessem atendido aos pedidos dele e de outros vereadores e vereadoras, a vida do João e de tantos outros teriam sido salvas. “Temos que tomar uma atitude mais drástica. Sou parceiro para trancarmos o trevo. Ficar só esperando Dnit dizer não, não dá mais”, apontou, lembrando que ali há trânsito de crianças, pois há bairros dos dois lados da BR.

Segundo informações que chegam ao TP, a mobilização já está sendo preparada para breve.

O jornal tentou contato com a assessoria de Comunicação do Dnit/RS, mas até o fechamento desta edição, não houve retorno.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

 

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