ELEIÇÕES 2020

O digital no lugar do “boca a boca”: os desafios da campanha eleitoral em meio à pandemia

Uma campanha eleitoral totalmente diferente. Foi assim que começou no último domingo (27) e deve se estender pelos próximos 45 dias o período que antecede as eleições municipais de 2020. O avanço da pandemia do novo coronavírus alterou o calendário, empurrou o pleito de outubro para novembro e modificou a estratégia de quem concorre aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador em todo o país. Entre as principais imposições de uma das maiores crises sanitárias já vistas o distanciamento social e o veto às aglomerações. Mais do que nas eleições passadas, a internet e principalmente as redes sociais serão o palco utilizado para a disputa política.

Na região de cobertura do TP impresso não é diferente. Quem está sentindo na pele, talvez bem mais que o eleitor que recebe a informação, é o próprio candidato que precisa estar próximo, mesmo com a distância física. O carisma e a desenvoltura em frente às câmeras podem ser peça-chave para que, de casa, a população compreenda sua mensagem, identifique sua verdade e aposte em seu plano de governo para os próximos quatro anos.

Nesta semana, foram eles que relataram para a reportagem essa nova realidade e desafio imposto. O jornal solicitou de forma on-line – primando pelo tratamento igualitário, independente da distância física entre nossa equipe e os entrevistados – a opinião (de forma escrita ou envio de áudio) dos 10 candidatos a prefeito nos municípios de Candiota, Hulha Negra, Pedras Altas e Pinheiro Machado. Confira os depoimentos recebidos até o fechamento da edição.

Adriano dos Santos – candidato a prefeito de Candiota pelo PT

“Realmente estamos diante de um cenário totalmente diferente nessa campanha eleitoral. A nossa equipe está se adaptando e a intenção é trabalhar a partir dessas mudanças em uma ótica de cuidar e preservar a vida das pessoas. A intenção é fazer uma campanha com muito cuidado à saúde, com ética e respeito aos adversários, mas que o cenário é diferente isso não tenho dúvidas. É algo que nos impõe, durante esse período pré-eleição, trabalhar para saber como fazer com que o nosso material – com as nossas propostas e ideias – chegue até os eleitores. É baseado nisso que estamos trabalhando constantemente: produzir informação de forma segura e buscando, acima de tudo, preservar a vida das pessoas”.

José Giordâni Dornelles – candidato a prefeito de Candiota pelo PSOL

“O nosso partido adotou uma postura de precaução em relação à pandemia e realmente levamos a sério tudo isso. Aqui em Candiota seguimos as orientações do PSOL na íntegra, fizemos uma convenção com quórum mínimo, em local aberto, mantendo o distanciamento e fazendo uso de máscara, porque para fazer a convenção virtual era algo bem mais burocrático. Enquanto não chega o recurso do Fundo Partidário a minha campanha ainda está parada e o que me preocupa são os candidatos – em vários municípios e não só aqui em Candiota – firmarem essa tese de atenção à saúde, mas aparecerem no Facebook tirando foto sem máscara com os eleitores. Vamos trabalhar com uma equipe reduzida durante a campanha e a orientação é uso de máscara e álcool em gel sempre. Vamos começar a distribuir os panfletos em seguida, conversar com o distanciamento solicitado pelos protocolos e seguir nossa caminhada. Estamos trabalhando para fazer sim uma campanha baseada em respeitar a saúde de todos, porque tenho receio de uma segunda onda de contaminação como tem acontecido em outros países”.

Luiz Carlos Folador – candidato a prefeito de Candiota pelo MDB

“No município é onde tudo acontece, as pessoas conseguem conviver mais com os seus governantes, ainda mais em uma cidade pequena como a nossa. Todos sabem quem é quem, portanto, aquele candidato que utilizar as suas redes sociais como uma extensão de seu trabalho, e uma forma sincera de demonstrar aquilo que ele é no seu dia a dia, poderá potencializar a sua captação no eleitorado. Todavia, o inverso também é verdadeiro, pois o candidato que utilizar as suas redes para vender uma imagem que foge de suas características certamente será rejeitado. Com isso, digo que ainda acredito muito na história de cada um, na essência, no que já fez, no que pode fazer. As redes sociais não determinarão quem serão os eleitos, apenas reforçarão o apelo daqueles que têm credibilidade com a sociedade candiotense”.

Bebeto Perdomo – candidato a prefeito de Pedras Altas pelo Progressistas

“A campanha eleitoral para prefeito, vice-prefeito e vereador neste ano promete ser diferente de tudo o que já se viu. A Covid-19 impõe mudanças significativas. Comícios, aperto de mão, abraços e fotos postadas com o rosto colado ao lado do candidato, ações bem características das eleições em Pedras Altas, devem ser evitadas. Entre os 497 municípios do Rio Grande do Sul, somos um dos quatro com índices praticamente zerados de coronavírus e isso nos desafia a manter a nossa população protegida na área urbana e rural. Acredito que a campanha vai ser praticamente toda realizada através das redes sociais, visando respeitar os protocolos estabelecidos pela equipe técnica da Covid-19 do município acima de tudo”.

Gilson Rodrigues – candidato a prefeito de Pinheiro Machado pelo PT

“Na minha avaliação a eleição de 2020 é totalmente diferente. Essa pandemia mudou o conceito de fazer campanha, porque acho que não vão liberar os comícios e esses grandes eventos de aglomeração. Também é preciso ter muito cuidado para não perder voto. É tudo via internet, poucas visitas, mas no final as pessoas vão decidir do mesmo jeito. As propostas e os meios de comunicação é que vão nos ajudar muito. Outra coisa que ajuda é o candidato ser conhecido, porque nessa situação de distanciamento social fica mais difícil para quem não é. É um desafio novo, mas o nosso partido tem uma assessoria e um marketing bom em nível nacional, estadual e municipal, então estamos fazendo nosso trabalho. Entendo que mudou o jeito de fazer, mas o nosso partido é muito diferenciado em relação às propostas. Têm vários conceitos de partido que, se você olhar para o Lula, o Olívio Dutra e o Tarso Genro, vai saber sobre o nosso trabalho e a nossa proposta para Pinheiro Machado. Mas estamos fazendo a nossa parte com bastante respeito à saúde das pessoas, porque consideramos isso o mais importante”.

Rogério Moura – candidato a prefeito de Pinheiro Machado pelo PSB

“Fomos nascidos, criados e continuamos sempre nesse chão, tanto eu, quanto o Paulinho Alves. De uma maneira respeitosa, onde a primeira coisa que se fazia era o aperto de mão, e hoje esse hábito pode ser mal visto. A internet será, sem sombra de dúvidas, uma ferramenta importante para que haja a interação com o eleitor, assim como, no nosso caso, o jornal Tribuna do Pampa e as rádios da região também serão. Tenho uma vida íntegra, de amor por Pinheiro Machado e os nossos partidos aliados foram os que mais recursos trouxeram para o município. Quero integrar minha maneira de agir e minha vontade de trabalhar, com a força dos deputados e recursos, para alavancar novamente a Prefeitura e, isso, por si só, já é do conhecimento de todos e será avaliado pelos eleitores mesmo com o distanciamento social”.

 

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