O discurso de Lula na ONU

Antes de escrever esta coluna tomei o cuidado de ler, na íntegra o discurso de Lula na Assembleia Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU) que aconteceu no último dia 19 de setembro.

Foi um discurso tranquilo, sem rompantes, sem querer se vangloriar de coisa alguma que tenha feito ou que pretenda fazer, mas em alguns momentos foi um discurso contundente, como devem ser os discursos que valem a pena, contundente no conteúdo, leve nos adjetivos.

Foi aplaudido quando citou a reconstrução e o “Brasil de volta”, uma alusão aos últimos anos onde o governo brasileiro mais criou problemas na relação com os outros países do que conseguiu bons encontros. Disse: “Nossa missão é unir o Brasil e reconstruir um país soberano, justo, sustentável, solidário, generoso e alegre. O Brasil está se reencontrando consigo mesmo, com nossa região, com o mundo e com o multilateralismo. Como não me canso de repetir, o Brasil está de volta”

Foi aplaudido quando tratou das desigualdades, quando falou de salários iguais para homens e mulheres, quando tratou da redução do desmatamento, quando falou dos aventureiros de extrema direita, da liberdade de imprensa e do embargo à Cuba. Foi aplaudido, também, quando se dirigia para se pronunciar e ao final.

Em seu discurso, Lula me fez lembrar de um diálogo na antiga rodoviária de Hulha Negra, nos anos 1990, quando alguns que foram amigos de meu pai conversavam comigo. Um deles me perguntou, muito bêbado, em voz alta e querendo ser o mais eloquente possível: – O que um ser humano nunca pode perder? Eu devo ter citado uma coisa ou outra com a qual o questionador não concordou e ele finalmente esclareceu o que queria dizer:- Um homem nunca pode perder a sua capacidade de se indignar!

Um ser humano, ainda que muito bêbado, sempre pode ter alguma coisa útil a dizer.

Lula encerrou seu discurso assim:

“A desigualdade precisa inspirar indignação.

Indignação com a fome, a pobreza, a guerra, o desrespeito ao ser humano.

Somente movidos pela força da indignação poderemos agir com vontade e determinação para vencer a desigualdade e transformar efetivamente o mundo a nosso redor.

A ONU precisa cumprir seu papel de construtora de um mundo mais justo, solidário e fraterno.

Mas só o fará se seus membros tiverem a coragem de proclamar sua indignação com a desigualdade e trabalhar incansavelmente para superá-la”.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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